Após um setembro fraco, e a retomada das vendas em outubro, o varejo do CE volta a se animar, de olho no NatalDiante de um consumidor mais cauteloso, menor preço, maior prazo e melhor atendimento serão essenciais para atrair a clientela FOTO: MIGUEL PORTELA
O clima ainda é de eleições, o Dia das Crianças também ainda não chegou, mas o setor varejista já pensa no Natal e nas festas de fim de ano. Afinal, esse é melhor período de vendas para o comércio em todo o País, que este ano terá pela frente um cenário novo, com consumidores mais endividados e com grande parte da renda comprometida com dívidas anteriores, com viagens e com a aquisição antecipada, e recente, de veículos e de produtos da linha branca, em virtude da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Entretanto, apesar do panorama adverso, pesquisa do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), da Fecomércio-CE, a ser divulgada na próxima semana, traz cenários positivos para o comércio varejista, no último trimestre de 2012. Segundo o diretor Técnico do IPDC, Alex Araújo, passado setembro, mês considerado fraco para o setor, outubro já sinaliza com a retorno do consumidor às compras.
B-R-O Bró
"O B-R-O-Bró (período de compras que vai de setembro a dezembro) só começou agora, em outubro", antecipou Araújo, lembrando que, o Dia das Crianças e o Natal são datas de forte apelo comercial e que o consumidor sempre guarda uma reserva ou encontra um meio de comprar um presentinho, uma lembrança que seja para os familiares. De acordo com ele, as vendas de vestuário e de calçados já retomaram com maior vigor.
Conforme disse, o incremento nas vendas virá puxado pelos mais jovens, mas sobretudo, pelo aumento do público consumidor. Ele lembra que a crise financeira vivida em parte da Europa e nos Estados Unidos não afetou os níveis de emprego no Brasil e no Ceará, onde a economia se mantém sobre controle e a empregabilidade estável.
Flexibilidade
Araújo avalia que o aumento da massa de trabalhadores, e, consequentemente, de um maior montante de recursos em circulação na economia do Estado, fará a diferença, compensando parte da parcela da população que se encontra com elevado índice de endividamento.
Ele alerta no entanto, que para atrair esse consumidor, o lojista terá de ser criativo, ter maiores jogo de cintura e flexibilidade na hora de negociar com os clientes. Nesse sentido, ele sugere que a redução das taxas de juros anunciadas pelo governo e pelo setor bancário sejam, de fato, repassadas ao consumidor, além da concessão de novas modalidade de crédito, mais flexíveis e alongadas. "O consumidor está atento às mudanças e vai querer ver isso (redução das taxas de juros) no comércio", destacou o diretor técnico do IPDC.
"As perspectivas são positivas. Quem conseguir boa negociação com os fornecedores e tiver maior flexibilidade de crédito e de vendas vai se sair melhor", orienta Araújo, antecipando que, apesar do elevado nível de comprometimento da renda da população, as pesquisas apontam para um cenário positivo de consumo nos próximos meses, no comércio cearense.
Contramão em SP
Se no Ceará, o clima na Fecomércio é de otimismo, o mesmo não se pode dizer do cenário paulista. Apesar do crescimento da renda, o forte endividamento das famílias e o medo da inadimplência reduziu em 22 pontos porcentuais a intenção de compra dos paulistanos, entre outubro e dezembro em relação a igual período de 2011, saindo de 78 (o maior da série histórica iniciada em 1999) para 56, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisa (FIA).
Apesar da piora em relação ao ano passado, as vendas devem ser melhores se comparado com o 3º trimestre. O índice geral de intenção de compras do Provar/DIA subiu 2,2 pontos percentuais do 3º para o 4º deste ano, passando de 53,8 para 56.
Para Daniela Bretthauer, analista do Raymond James, a confiança do consumidor caiu para índices mínimos depois de atingir picos recordes no primeiro trimestre, o que levou o governo a entrar em cena com muitas medidas de estimulo ao consumo e crédito.
A analista observa que a maior parte da dívida é com bancos e cartões de crédito, mas os consumidores também devem dinheiro aos varejistas.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1190238