Índice de interesse de participação social, as trilhas do II Fórum de Internet no Brasil receberam 1.600 pré-inscrições nesta quarta-feira (4), véspera das mesas técnicas que se desenvolverão hoje (5), último dia do evento. Trilha representa um modelo de debate precedido pela participação de coordenadores, oradores, sendo aberto, em seguida, aos participantes, até a elaboração de um relatório contendo as propostas levantadas.
Realizadas em ambientes distintos (duas salas e três auditórios), a dinâmica das trilhas contará com a presença de multistakeholders (expressão de língua inglesa que define a participação de representantes de diversos segmentos no desenvolvimento de cada tema), segundo o conselheiro empresarial Cássio Vecchiatti, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Vecchiatti explica que o multistakeholders é um modelo que inspira a gestão dainternet em outros países. Em muitos casos no exterior, a gestão é de cima pra baixo. Aqui, é o contrário, temos cuidado para que os segmentos estejam representados e não sejam prejudicados, observa.
O representante empresarial acrescenta que outro diferencial em relação à governança da internet é que aqui não há uma identidade prioritariamente governamental. Há sim, representação de governo no Comitê Gestor, mas a maioria dos membros vem dos setores empresarial, acadêmico e do terceiro setor.
O presidente da Associação Nacional Para Inclusão Digital (ANID), Percival Henriques, coordenador da trilha sobre Garantia e direitos na rede e marco civil da internet, ressaltou a importância do tema, que será alvo de uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (5). O projeto de lei sobre o marco civil é uma vitória para a sociedade e está pautado na premissa da garantia de direitos, avaliou.
Henriques comenta, ainda, que a intenção do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) é promover eventos similares em outros locais do país, de maneira a contribuir que as discussões avancem e agreguem valor. É brilhante o comitê percorrer o Brasil, isso marca o amadurecimento da organização que é nacional e defende e um modelo de governança genuinamente brasileiro, completou.
Sobre o tema Como estimular conteúdos e plataformas nacionais na rede mundial, coordenado por Lisandro Granville, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), houve um entendimento comum no decorrer do debate que a educação é o pilar da condução à inovação, para conteúdos produzidos e disseminados na rede. Segundo Lisandro, esta preocupação é pertinente porque o estímulo à produção está diretamente ligado à formação do indivíduo.
O desafio de garantir acesso à informação e, ao mesmo tempo, proteger os direitos dos autores permeia um dos temas mais controversos, o da Propriedade Intelectual na Rede, assinala o coordenador do tema, o secretário executivo do CGI.br, Hartmurt Glaser. A sociedade exige abertura total, não tem mais sentido que um estudante compre um livro se o mesmo material está disponível de graça na internet, observa.
A dificuldade do acesso na rede foi um dos assuntos de destaque no debate do tema Banda Larga no Brasil e inclusão digital: o que fazer. O presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet) e coordenador deste tema, Eduardo Parajo, lembra que embora possua quase 16 milhões de habitantes, a Região Norte conta somente com 120 provedores, o que representa a pior distribuição de acesso via banda larga no país.