Publicado por: Sandra Pereira Felix, em: 2009-07-30 17:18:19
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A linguagem se desenvolve a medida que o indivíduo é estimulado pelo meio e também de acordo com suas capacidades neurológicas, emocionais e físicas. Para que ocorra um desenvolvimento adequado da fala e da linguagem muitos fatores estão envolvidos desde o nascimento do bebê. Os dois primeiros anos é o período ideal para a aquisição da fala e da linguagem. O terceiro ano de vida tem uma grande importância no desenvolvimento do cérebro humano, ocorrendo, segundo Fenson ET AL (1994) um rápido aumento na compreensão e da expressão verificado no vocabulário que se caracteriza pelo nome dos objetos e das pessoas com as quais interage.
Segundo Freire (2002) a atividade interativa da mãe é fundamental para a construção da linguagem e para a construção da criança. Os primeiros sons (balbucios) vão se evoluindo por meio de um jogo de imitação, de repetições, de reforço, de correções, em que o adulto vai modelando o repertório fonético da criança. Limongi (2003) diz que para que ocorra um bom desenvolvimento comunicativo deve-se estimular o diálogo entre criança e adulto. Halliday (1975) relata que ao se aproximar dos 18 meses, as crianças adquirem um comportamento interrogativo. Este comportamento marca um importante passo no desenvolvimento lingüístico, obtendo assim, novas informações sobre o mundo que a cerca.
Outro fator de extrema importância para o desenvolvimento da linguagem é a alimentação. Nos primeiros meses, o bebê apresenta uma postura das estruturas orofaríngeas que favorecem a alimentação e a respiração. Sua mandíbula é pequena e retraída, os lábios encontram-se entreabertos e a língua é apoiada sobre as gengivas em uma posição anteriorizada e rebaixada. Para que o bebê tenha um crescimento craniofacial adequado e uma musculatura orofacial igualmente adequada à produção da fala, recomenda-se uma amamentação materna seguida de uma alimentação com texturas e consistências compatíveis com as diferentes fases do crescimento e também a não existência de hábitos de sucção de dedo ou chupeta além dos dois anos.
O desenvolvimento normal da linguagem oral garante um bom desempenho na aquisição da linguagem escrita. Contudo, além de bom desenvolvimento da linguagem oral, a leitura e a escrita, dependem do amadurecimento de vários outros fatores tais como: coordenação visual-motora, coordenação auditivo-motora, memória visual, memória auditiva, atenção dirigida, organização espacial, organização temporal, consciência corporal.
“A escrita é uma forma de manifestação lingüística humana que supõe uma comunicação simbólica por meio de um código diferenciado segundo as culturas. A escrita é um processo extremamente complexo de codificação e decodificação, que somente o ser humano tem acesso”.
Ela pode ser manifestada de 3 formas: a copia que requer adequada destreza grafo-motora, perceptiva e uma memória visual suficiente; ditado que requer boa memória auditiva, interiorização prévia dos grafemas (letras) e capacidade de seqüenciar os estímulos auditivos; e a escrita espontânea processo esse de maior complexidade, pois exige boa linguagem interior da criança e exige que a criança já esteja um pouco mais adiantada do que as formas anteriores. Contudo, nos deparamos com algumas crianças que “demoram” a falar e/ou enfrentam dificuldades no aprendizado da leitura e escrita. Vejamos:
Atrasos de aquisição de linguagem oral:
Os atrasos de linguagem correspondem a dificuldades para o uso da comunicação verbal. Na sua grande maioria, as crianças começam a desenvolver a linguagem verbal entre um e dois anos de idade. Porém, algumas crianças, apesar de já estarem por volta desta idade, ou mesmo ultrapassado, ainda não adquiriram a linguagem oral ou estão apresentando um desenvolvimento muito lento. Segundo Capovilla (1997), atraso de linguagem é o problema de desenvolvimento mais comum em pré-escolares e pode se correlacionar com distúrbios posteriores de aprendizagem. Entre outras provas, é identificada via avaliação do número de palavras faladas e compreendidas, já que aos dois anos o vocabulário expressivo mínimo é de 50 palavras com combinações de 2-3 palavras. Segundo a autora, metade das crianças com atraso de fala aos 24-30 meses podem apresentar atraso severo entre 3-4 anos. Os atrasos de linguagem podem acarretar dificuldades em toda a vida do sujeito, pois a aquisição de linguagem acontece como uma continuidade durante todo o desenvolvimento.
Alguns atrasos de aquisição de linguagem fazem parte de distúrbios mais globais de desenvolvimento que podem se manifestar desde muito cedo na vida do bebê, como no caso de algumas síndromes ou distúrbios neurológicos.
Distúrbio da Leitura e da Escrita
"A leitura envolve processos de percepção (tanto visuais quanto auditivos), processos cognitivos, motivação e significação. Os educadores precisam compreender todos esses processos nas suas relações complexas para que aprender a ler seja compreendido". (WADSWORTH, 1984)
Segundo Calafange (2001), a leitura lenta sem modulação, sem ritmo e sem domínio da compreensão/interpretação do texto lido; confundir algumas letras; sérios erros ortográficos; dificuldades de memória; dificuldades no manuseio de dicionários e mapas; dificuldades de copiar do quadro ou dos livros; dificuldades de entender o tempo: passado presente e futuro; tendência a uma escrita descuidada, desordenada e às vezes incompreensível; não utilização de sinais de pontuação/acentuação gramaticais; inversões, omissões, reiterações e substituições de letras, palavras ou silabas na leitura e na escrita, problemas com seqüenciações, essas são apenas algumas das características disléxicas que podem ser observadas nas crianças com dificuldades escolares.
Distúrbios da Leitura e da escrita correspondem a dificuldades mais acentuadas para o aprendizado tanto da leitura quanto da escrita. A autora complementa que no caso da leitura, as dificuldades podem atingir a decodificação das palavras, o domínio da pontuação e a possibilidade de compreender os textos. Quanto à escrita, os distúrbios podem se manifestar no domínio da ortografia, no uso da pontuação e na capacidade de elaborar textos. Existem graus diversos de distúrbios de leitura e escrita que podem variar desde dificuldades específicas e restritas a algum aspecto da leitura ou da escrita, como as alterações ortográficas, até mesmo fazerem parte de distúrbios mais globais do desenvolvimento, como nos casos dos distúrbios de aprendizagem.
Os atrasos de linguagem podem acarretar dificuldades em toda a vida do sujeito, pois a aquisição de linguagem acontece como uma continuidade durante todo o desenvolvimento. Qualquer um desses sintomas ao ser detectado deve ser observado. Ao persistir, a conduta melhor será uma avaliação fonoaudiológica. A prevenção é o melhor remédio.
Referencia bibliográfica
AIMARD, P. O Surgimento da Linguagem na Criança. S..P.:Artmed, 1997
CAPOVILLA, F. C. e col. Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois anos aos seis anos: Tradução e estandardização do Peabody Picture Vocabulary Test de Dunn & Dunn, e da Language Development Survey de Rescorla. Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação, v. 1, n.1, p. 353-80, 1997.
FENSON, L.; DALE, P.; RESNICK, J.; BATES, E.; THAL, D; PETHICK,S. - Variability in Early Communicative Development. Monographs of the Society for Research in Child Development, 1974
FREIRE, R.M. S.P.: A Linguagem como processo Terapêutico. Plexus Editora, 2002
HALLIDAY, M. A. K. Learning How to Mean--Explorations in the Development of Language. Edward Arnold (Publishers) Ltd., 41 Maddox Street, London W. 1, England (2.75 pounds paper), 1975
LIMONGI, S. C. O. Fonoaudiologia: informação para a formação. Linguagem: desenvolvimento normal, alterações e distúrbios. R.J.: Guanabara-Koogan, 2003.
SCHEUER, C. I.; BEFI-LOPES, D. M.; WERTZNER, H. F. Desenvolvimento da linguagem: uma introdução. In: LIMONGI, S. C. O. Fonoaudiologia: informação para a formação. Linguagem: desenvolvimento normal, alterações e distúrbios. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2003.
WADSWORTH, B. Piaget para o professor da pré-escola e 1° grau. São Paulo: Pioneira, 1984.
Drª. Sandra Felix
Fonoaudióloga 5896/ES
Consultora em Comunicação
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