Comunidades querem espaço próprio para mostrar que produzem moda de qualidade
Cansados da reduzida aparição no calendário de moda da cidade, além da associação repetitiva entre favela, pobreza e violência, nove grupos de profissionais da área que vivem e atuam em comunidades do Rio querem mostrar que, por lá, existe trabalho de qualidade. Assim surgiu o Favelas Fashion Rio, que vai ser lançado na 9ª Expo Brasil Desenvolvimento Local, de 1 a 3 de dezembro, no Centro de Convenções SulAmérica. Na ocasião, experiências de crescimento e aprendizagem, tendo como foco os territórios em rede, em suas diferentes escalas - comunidades, bairros, municípios e microrregiões – serão apresentados.
Segundo a mentora do Favelas Fashion Rio, Iara Oliveira, a proposta é dar mais visibilidade à cadeia produtiva da moda feita nas comunidades, tanto por meio da apresentação das produções como do debate sobre as dificuldades e peculiaridades de grupos como o Costurart, de Santa Cruz, e o Costurando Ideias, do Santa Marta. A ideia, relembra ela, que presta consultoria em desenvolvimento sócio-ambiental por meio da ONG AlFazendo, de Cidade de Deus, surgiu durante uma assessoria dada ao Mulheres Eco-Artesãs, também da mesma comunidade.
“Fomos percebendo que as pessoas produzem e até têm financiamento para isso, mas só de vez em quando um ou outro grupo é convidado para participar de eventos de moda. Pensamos, então, que poderíamos ter um evento próprio para fortalecer os que atuam com moda na favela, que produzem com qualidade, mas acabam não tendo muita visibilidade por causa do lugar onde estão”, diz Iara, enfatizando que um ou outro grupo até já participou de eventos como o Rio Fashion Week, mas de forma pontual.
Na opinião de Iara, que deseja reunir muitos outros grupos e fazer com que o Favelas Fashion Rio entre no calendário de moda da cidade, é preciso potencializar o nome dos grupos, suas marcas, já que o trabalho deles costuma ficar invisível. “Muitas marcas famosas realizam boa parte de sua produção nas favelas, onde as peças são fechadas e acabadas”, observa ela, ressaltando a importância de se construir também uma relação direta entre os produtores de moda das favelas e os consumidores.
Durante a Expo Brasil, os integrantes do Favelas Fashion Rio vão ter suas produções exibidas em vitrines vivas, com a participação de modelos das próprias comunidades. Além disso, vão participar de uma apresentação sobre o desafio dos grupos produtivos e de oficinas e minicursos. “A Expo Brasil é também um espaço importante de formação. E nós vamos aproveitá-lo. Eu, que sou militante de comunidade, posso dizer que, nas sete edições do evento em que estive presente, aprendi muito. Há muita troca de experiências”, diz.
Além do Mulheres Eco-Artesãs, do Costurart e do Costurando Ideais, o Favelas Fashion Rio conta com a participação de Corte e Arte (Cantagalo), Bordadeiras da Coroa (Morro da Coroa), Retalhos Cariocas (Barreira do Vasco), Mulheres de Pedra (Pedra de Guaratiba), Mães da Maré (Maré) e Escola de Moda Lentes dos Sonhos, que é de Cidade de Deus.
Fonte: www.expobrasil.org