Seus anexos estão sendo carregados, por favor aguarde...
Reprodução: Observatório de Favelas
Sob o tema ‘Diálogo e Compreensão Mútua’, jovens de todo mundo reuniram-se em Nova Iorque para divulgar paz, direitos humanos e solidariedade entre povos, culturas e religiões, em mais uma Assembléia Geral da ONU. O evento coincidiu com o Dia Internacional da Juventude – 12 de Agosto – e marcou o lançamento do Ano Internacional da Juventude.
O evento foi aberto pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon, que em sua mensagem pediu a todos que participem nos assuntos globais. Segundo Ban, cada jovem precisa ver o mundo além das fronteiras dos seus próprios países, tornando-se assim o que ele chamou de um cidadão global. Segundo as Nações Unidas, 18% da população mundial são jovens entre os 15 e os 24 anos e nove em cada dez jovens vivem em países em desenvolvimento.
Para a Professora Ilana Lemos de Paiva, a atenção dispensada à juventude é recente. “As políticas voltadas para jovens eram mais voltadas para repressão. Por volta de 2002, 2004 é que começaram de fato as discussões sobre a Juventude. Era uma faixa ampla (15-24 anos), nem todos amparados pelo ECA”, explica a pesquisadora, que reitera que as discussões ainda são pontuais. “Não há políticas consistentes para a juventude”, afirma.
Protagonismo Juvenil na Maré
De acordo com as Nações Unidas, muitos destes jovens estão no Brasil e sua importância na sociedade é grande. “A juventude de hoje é bastante parada. Se pararmos para pensar, em muitos momentos da história o jovem se fez presente em diversos movimentos. Hoje, eles não ligam para o que vai ser do mundo, para a política, para o meio ambiente, a pobreza no mundo. Aceitam tudo calados, sentados em frente ao seu computador. Mas é claro que temos exceções”, enfatiza Tamiris Neves, membro da União Jovens da Maré (UJM), movimento espontâneo de discussão entre jovens que nasceu como preparação para a participação dos alunos em uma consulta livre, parte do ciclo e reuniões que compôs as etapas preparatórias para a 1ª Conseg.
Tamiris é uma das exceções a que se referiu e se sente responsável pela construção de um mundo que permita melhores perspectivas de vida. “Ainda sou nova, serei o futuro do mundo. Então, considero que é a juventude de hoje que pode mudar o mundo, em busca de um mundo mais igual, mais humano”, diz Tamiris, que enfatiza que esta não é uma luta em que está só. “É uma felicidade saber que não só eu que estou nesta luta. Seja no curso, na igreja que freqüento, os objetivos são praticamente os mesmo, de uma grande mudança”, explica.
Reiterando a percepção dae Ilana Lemos acerca do pouco tempo que a juventude está na agenda pública, a coordenadora do projeto Crescimento com Cidadania para Crianças e Adolescentes da Terra dos Homens , Vera Cristina de Souza, chama a atenção ainda para a importância do protagonismo juvenil, que ela considera também pouco discutido, bem como o direito a participação do jovem, muitas das vezes visto como “incapaz”. “Participar da discussão política através dos movimentos sociais ou de qualquer outro espaço permite ao jovem exercer este direito (de discussão e construção), contribui para a formulação de projetos/políticas nas quais ele se veja”, explica.
O que antes era visto com ceticismo, hoje é admirado. “Me olham de uma forma positiva”, afirma Tamiris. Ela lembra que boa parte de seus amigos vem pensando em mudanças para sociedade e a discussão sobre os problemas acerca da comunidade já fazem parte do cotidiano. “Toda pessoa pensa em fazer coisas para melhorar o lugar onde vive”, diz.
“Os movimentos sociais protagonizaram várias discussões. Com o passar do tempo é necessário que se restaure esse protagonismo e não deixe este movimento se esvaziar. Acredito que as discussões são importantes, mas é necessário haver o monitoramento e o controle social adequado”, lembra Vera.
