Publicado por: Rafael Nas, em: 2008-11-17 13:19:52
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Le parkour - pulando pela cidade.
Praticar o Le Parkour pode ser uma forma diferente de conhecer o espaço urbano.
Eles correm pelas ruas, saltam bancos de praças, pulam de muros, escalam paredes... são aventureiros, não têm medo de se machucar e estabelecem uma nova relação com a cidade. São os praticantes do Le Parkour, uma atividade física criada na França que já conquistou adeptos em todo o mundo.
O grande objetivo é superar os próprios limites e treinar a mente e o corpo para superar qualquer obstáculo, seja nas ruas ou na vida. A história do Parkour começou na cidade francesa de Lisse, na década de 80, com David Belle. Filho e neto de bombeiros, levou sua experiência de academias, artes marciais e da prática do método natural de Georges Hébert (método educacional baseado em movimentos naturais do corpo) para as ruas.
Ao lado de seus amigos, fantasiava situações de emergência e salvamentos em lugares de difícil acesso. A partir daí, começaram a surgir os primeiros movimentos do Le Parkour. “Ao contrário do que muita gente pensa, o Parkour é um esporte fácil de praticar. Ele segue um método de educação física criado para crianças e utiliza movimentos naturais do ser humano. Porém, só dá para entender praticando”, explica Eduardo Bittencourt, um dos pioneios na prática do Le Parkour no Brasil.
No Brasil, o Parkour está em mais de 60 cidades e mostra que a relação das pessoas com o espaço urbano pode ser diferente. Uma das primeiras condições para se praticar a atividade é respeitar os obstáculos, ou seja, não dá para ser um traceur (praticante do Parkour) e destruir bancos de praça, muros ou fachadas de prédios. Afinal, sem eles a atividade não existiria. “Quando você pratica o Parkour, a cidade é sua melhor amiga. É até engraçado porque a gente começa a se empenhar mais em preservar e manter a cidade limpa. Já aconteceu de encontrarmos um lugar legal para praticar Parkour, mas abandonado. Aí colocamos a mão na massa e fizemos a limpeza”, conta o professor Rodrigo Bélgamo, que ao lado de Eduardo introduziu a prática do Parkour no Brasil.
A prática também muda a relação das pessoas com o próprio corpo. Sem instigar a competição entre grupos, o Le Parkour só deve ser praticado por quem sabe respeitar os próprios limites. A idéia não é fazer melhor do que o outro, mas fazer o melhor possível. Se para um é importante saltar de um muro de 5 metros, para outro pode ser mais importante pular cinco degraus de uma escada. “O Parkour pode ser praticado em qualquer idade, basta saber o que se pode fazer”, diz Eduardo.
Os lugares preferidos dos praticantes são praças e pistas de skate. Mas o Parkour pode ser feito em qualquer lugar, a caminho do trabalho ou durante um passeio. Como nas artes marciais, os movimentos são precisos e não devem ser feitos por amadores sem o auxílio de alguém experiente. Isso pode significar acidentes graves. Embora os movimentos sejam naturais, a técnica e, principalmente, a prática são aliadas na hora de encarar as ruas.
O rolamento, por exemplo, é um movimento básico para qualquer praticante porque amortece as quedas e ajuda a conservar as juntas e os joelhos inteiros. Quando saltam de muros ou correm em corrimões de escadas, os praticantes estão usando técnicas que ajudam a manter o equilíbrio. Ainda assim, as quedas são inevitáveis. Rodrigo, por exemplo, trincou a costela durante a execução de um movimento. “Mas foi a única vez”, diz.
Eles fazem o Parkour
O francês David Belle é, sem dúvida, o principal nome quando o assunto é Le Parkour. Afinal, foi ele o criador dessa atividade. Sebastien Foucan, um dos amigos que o ajudaram a criar o Parkour, se distanciou de David por causa de diferenças filosóficas e acabou desenvolvendo um outro tipo de atividade. Quem segue a linha de Sebastien é adepto do Free Running, uma prática que inclui acrobacias, algo que não existe no Parkour original.
No Brasil, o Le Parkour chegou há cerca de cinco anos e um dos pioneiros foi Eduardo Bittencourt. Psicanalista por formação, foi o criador do primeiro grupo de Parkour do País, o Le Parkour Brasil, ao lado de Rodrigo Bélgamo e Jacques Kaufmann. Eduardo acredita que o que torna alguém um verdadeiro praticante de Parkour não é só saber saltar e pular, mas também se envolver com a filosofia da atividade. “O mais importante é o praticante também conhecer a filosofia que está por trás do Parkour. A prática vem de um movimento naturalista com uma repercussão filosófica que precisa ser lida para que ele faça sentido”, diz.
Leonard Akira também é figura importante quando o assunto é Parkour. Foi o criador do primeiro blog brasileiro sobre a atividade: o Le Parkour Brasil. Para ele, o Parkour pode ser praticado por qualquer pessoa que conheça os seus próprios limites. “Buscamos uma liberdade diferente, sem barreiras e obstáculos, conquistando assim um ponto de vista próprio, independente de qualquer pessoa. Aceitamos que nem sempre somos obrigados a seguir um corredor, já que podemos saltá-lo. Onde existe um muro, existe também uma paisagem por trás. Então porque não buscamos o que não vemos? Queremos novas formas de chegar a um novo objetivo, que é a própria liberdade”.
Saiba mais
www.leparkourbrasil.com
www.leparkourbrasil.blogger.com.br
Fonte: http://jovem.ig.com.br/street/noticias/2008/09/25/le_parkour___pulando_pela_cidade_1938302.html
Texto de: Maisa Infante
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