Em Anamã, os problemas começam e terminam com a água. A cidade está localizada na confluência dos Rios Purus e Solimões, no interior do Amazonas – tornando-os extremamente fartos em peixes e fertilizando as terras para as pequenas produções agrícolas. As enchentes, que chegam a durar mais de cinco meses, obrigam a população a adaptar toda a arquitetura da cidade e os seus hábitos. Na seca, a água fica lodosa, os peixes morrem e o acesso ao lago grande e às comunidades rurais se torna impossível. Em qualquer época, a água de consumo humano é de baixíssima qualidade: barrenta, ferrosa e malcheirosa. Nesse município, o aquecimento global não é uma hipótese longínqua, cujos efeitos serão sentidos em um futuro distante, mas uma realidade cotidiana.
A partir de meados de dezembro, com o aumento das chuvas que eleva os Rios Purus e Solimões, Anamã vai para debaixo d’água. A enchente pode durar até o mês de junho. Por não ter sistema de esgoto, conforme a água vai subindo, as fossas caseiras começam a vazar. Por estar em uma região de várzea de rio, o solo é barrento e, portanto, incapaz de reter fluxos de água. Aumentam as picadas de cobras e escorpiões, já que os animais acabam buscando as casas flutuantes como refúgio. Jacarés invadem os quintais.
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Fotos: Raphael Alves e Alberto César Araújo/AmazôniaReal