Apesar da presença massiva das crianças no meio online - 1 em cada 3 utilizadores de internet em todo o mundo é uma criança - muito pouco é feito para protegê-las dos perigos do mundo digital e para tornar o seu acesso a conteúdos online mais seguros.
A publicação “Situação Mundial da Infância 2017: as crianças no mundo digital” (The State of the World’s Children 2017: Children in a digital world), apresenta o primeiro olhar abrangente da UNICEF sobre as diferentes formas como a tecnologia digital está a afetar a vida das crianças e as suas perspectivas de futuro, identificando perigos assim como oportunidades. O relatório defende ainda que os governos e o setor privado não acompanharam o ritmo acelerado da mudança, expondo as crianças a novos riscos, prejudicando e deixando para trás milhões de crianças mais desfavorecidas.
O relatório explora os benefícios que a tecnologia digital pode oferecer às crianças mais desfavorecidas, incluindo as que crescem em situação de pobreza ou são afetadas por emergências humanitárias. Estes benefícios incluem aumentar o acesso destas crianças à informação, desenvolver competências necessárias ao mercado de trabalho digital e proporcionar-lhes uma plataforma para se conectarem e comunicarem as suas opiniões.
Mas milhões de crianças estão a ficar para trás. Cerca de um terço dos jovens no mundo - 346 milhões - não estão online, agravando as desigualdades e reduzindo a capacidade de participação das crianças numa economia cada vez mais digital.
A publicação analisa também a forma como a internet torna as crianças mais vulneráveis a riscos e perigos, incluindo o uso indevido das suas informações pessoais, o acesso a conteúdos prejudiciais e o ciberbullying. A presença constante de dispositivos móveis, destaca o relatório, levou ao acesso online menos supervisionado - e potencialmente mais perigoso - por parte de muitas crianças.
O relatório conclui ainda o seguinte:
• Os jovens (15-24) são a faixa etária mais conectada. Em todo o mundo, 71% estão online, em comparação com 48% da população total.
• Os jovens africanos são os menos conectados, com cerca de 3 em cada 5 jovens offline, em comparação com apenas 3 em cada 75 na Europa.
• Aproximadamente 56% de todos os sites têm conteúdos exclusivamente em inglês e muitas crianças não conseguem encontrar conteúdo que entendam ou que lhes seja culturalmente relevante.
• Mais de 9 em cada 10 URLs relativos a abuso sexual infantil identificados globalmente estão hospedados em cinco países - Canadá, França, Holanda, Federação Russa e Estados Unidos
Somente através da ação coletiva – entre governos, sector privado, organizações infantis, academia, famílias e crianças – é possível igualar as condições de acesso ao mundo digital e tornar a internet mais segura e acessível para as crianças, diz o relatório. Recomendações para ajudar à criação de políticas mais eficazes e de práticas empresariais mais responsáveis para benefício das crianças, das quais se distinguem:
• Proporcionar a todas as crianças acesso a recursos online de qualidade com valor acessível
• Proteger as crianças dos perigos online - incluindo do abuso, da exploração, do tráfico, do cyberbullying e da exposição a conteúdos inadequados
• Proteger a privacidade e a identidade das crianças online
• Ensinar as crianças sobre literacia digital para as manter informadas, envolvidas e seguras online
• Alavancar o poder do setor privado para a promoção de padrões e práticas éticas que protejam e beneficiem as crianças online
• Colocar as crianças no centro da política digital
Fonte: Unicef
Link: http://www.unicef.pt/situacao-mundial-infancia-2017-criancas-mundo-digital/