Foi sob a perspectiva de construção do Plano Educativo Local (PEL) e tendo ele como horizonte que o Grupo Ampliado do Bairro-Escola Rio Vermelho se encontrou no dia 22 de outubro, no Caballeros de Santiago (Rua da Paciência, 441, Rio Vermelho), para refletir sobre dados coletados sobre as escolas parceiras e o bairro.
Mas, afinal, o que é o Plano Educativo Local? “O PEL é um projeto comum com foco na educação para o bairro”, explicou Wendy Villalobos, da Associação Cidade Escola Aprendiz (SP). Para montar o projeto, entretanto, deve ser feito uma pesquisa sobre o bairro e escola que já foi iniciado através de consultores. E depois serão traçadas metas e ações para alcançar os objetivos para transformar o Rio Vermelho em um bairro educador.
Os presentes na reunião foram divididos em quatro grupos com o objetivo de discutir os dados já levantados e responder as seguintes perguntas levantadas: Por que o estudante está ou não aprendendo? Logo, que questões devem ser priorizadas? Como os parceiros da comunidade podem contribuir para desenvolvimento integral dos estudantes? Que segmentos da comunidade educacional devem ser acionados com prioridade (diretores, alunos, parceiros locais,…)?
As perguntas foram orientadas por membros da Comissão Gestora do Bairro-Escola Rio Vermelho, que foi formada no encontro do Grupo Ampliado do mês de setembro, e ficaram responsáveis por apresentar um diagnóstico do território iniciado através de uma consultoria. A comissão é composta por Antônio Carlos de Jesus, morador do bairro; Fernando Moragas, professor da Faculdade Ruy Barbosa; Jamille Castro, terapeuta holística na Espelho D’Alma Terapias Naturais; Katia Larissa Rodrigues, coordenadora pedagógica na Escola Municipal Osvaldo Cruz; Lúcia Menezes, integrante dos Palhaços do Rio Vermelho; Saadya Rodrigues, gestora da Escola Cresça e Apareça e, Tatiana Senna, professora no Cento Municipal de Artes Mário Gusmão.
Por que o estudante está ou não aprendendo?
Após a apresentação de dados educacionais sobre recursos, índices de evasão escolar, número de matrículas, dados da Rede de Atenção a Criança e ao Adolescente, mobilidade urbana, equipamentos culturais, ações culturais realizadas no Rio Vermelho, entre outros, os quatro subgrupos da Comissão Gestora do Bairro-Escola Rio Vermelho iniciaram uma discussão sobre as perguntas orientadoras e depois socializaram as ideias, aflições e estratégias com os presentes.
Entre os motivos pelos quais os estudantes não estariam aprendendo podemos citar:
- o forte desequilíbrio na relação professor-aluno, que privilegia ainda uma relação unilateral e de pouca troca;
- as muitas barreiras à flexibilização da educação formal;
- as distorções da relação idade/série e a dificuldade do professor em lidar com estas distorções;
- a falta de estímulo e assiduidade do docente;
- a mudança de níveis dos estudantes do ensino fundamental I para o ensino fundamental II e o despreparo das escolas dos anos finais em acolher estes estudantes recém-chegados;
- a falta de uma formação qualificada do uso de tecnologia em sala de aula para tornar as aulas mais atrativas para estudantes já acostumados a lidar com um mundo hiper-conectado;
- a ausência do corpo (e toda a dimensão corporal) nos processos de aprendizagem;
- no fato de os estudantes que estão nas escolas do Rio Vermelho serem provenientes de áreas mais violentas que estão ao entorno do bairro;
- a ausência de novas maneiras e estratégias de captar o interesse dos estudantes;
- o receio das instituições de ensino de que os alunos saiam da escola (principalmente por uma questão de segurança);
Já entre os motivos que qualificam o ensino aos estudantes estariam:
- uma maior participação dos familiares no cotidiano escolar,
- a criação de uma rede de apoio psicológico,
- a apropriação por parte da comunidade do espaço escolar;
- uma maior apropriação dos estudantes dos espaços do bairro;
Relação com o bairro
A falta de conhecimento do entorno da escola e do território do Rio Vermelho poderia ser usado em favor na criação de novas oportunidades de aprendizado. Sobre os dados apresentados foi colocada a questão de que existe a necessidade de coleta de informações socioeconômica sobre os professores, gestores, etc, e da forma como eles se apropriam de forma individual do bairro para além do seu trabalho formal dentro da escola.
As escolas que não possuem biblioteca poderiam fazer uma parceria com a biblioteca pública presente no bairro. Troca de conhecimento entre profissionais do bairro para oferta de oportunidades educativas para a escola (ex: músicos em parceria com arquitetos para formularem uma oportunidade educativa relacionando as duas áreas).
Professores que já tem a prática de saídas da escola com os estudantes funcionam como mobilizadores para o crescimento e melhoria da prática dentro da escola, assim, incentivando e fomentando para que a prática se amplie. Parceria com universidades (Unifacs ofereceu parceria) para reforço em disciplinas exatas – matemática e física – para escolas parceiras do Bairro-Escola Rio Vermelho. Propôs-se ainda a promoção de processos de formação – ou melhor – de compartilhamento de conhecimentos e experiências organizados, geridos e protagonizado pelos próprios professores como forma de ajuda-los a estudar mais e a rever sua prática.
O encontro não teve a pretensão de esgotar a discussão que deverá ser retomada na próxima reunião do Grupo Ampliado do Bairro-Escola Rio Vermelho, no dia 12 de novembro (quarta-feira), quando o diálogo sobre a construção do Plano Educativo Local (PEL) e novos dados sobre o território do Rio Vermelho serão apresentados.
Uma avaliação do ano de 2014 está prevista para o dia 03 de dezembro, quando ocorrerá o Seminário Bairro-Escola Rio Vermelho, momento em que será apresentado as discussões feitas até então sobre o PEL.