O Dia do Trabalhador, comemorado em 1º de maio, foi o mote para o VI CINENCONTRO 50/35, realizado no Museu da República, no dia 4 de maio. O evento teve início com a exibição do vídeo "Sindicalismo e Ditadura", produção audiovisual que destaca as dificuldades enfrentadas pelos movimentos sociais para garantir conquistas trabalhistas e a repressão dos Anos de Chumbo.
O vídeo faz parte da série Jornada: um olhar sobre o mundo do trabalho, produzido pela ONG Criar Brasil, em parceria com a CUT-RJ.
Após a exibição, a mesa de debate foi formada com ex-senador e sindicalista Geraldo Cândido; o economista Carlos Jardel Leal, representante do Dieese; a representante do Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça Ana Miranda e o ex-deputado Gilberto Palmares. Na pauta, além do levantamento histórico a atuação da classe trabalhadora na luta por direitos, assuntos contemporâneos como os protestos pedindo intervenção militar no país, a votação da lei que permite a terceirização da mão-de-obra e a redução da maioridade penal também enriqueceram o debate.
“Existe uma violência que dá suporte aos processos produtivos e, no Brasil, as relações de trabalho ainda precisam ser modernizadas. A terceirização pode aprofundar piorar essa situação, nivelando por baixo, pois, ao invés de igualar direitos, os retira. A classe trabalhadora vive constantemente com seus direitos ameaçados”, afirma Jardel Leal. Uma opinião compartilhada por Geraldo Cândido, que considera a terceirização “um golpe profundo para a classe trabalhadora, a precarização do trabalho”.
“A Memória é o antídoto contra a babárie”
A frase dita por Ana Miranda durante o debate deu o tom das opiniões sobre a necessidade de aprofundar as pesquisas e divulgações de informações sobre os acontecimentos ocorridos no período ditatorial. O vídeo “Sindicalismo e Ditadura” suscitou lembranças sobre vitórias e dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora nos governos militares, assim como alguns personagens que fizeram essa história. “Tenho um envolvimento pessoal com esse tema porque meu avô era sindicalista, foi preso durante o Estado Novo e depois na ditadura. Ele faleceu quando eu tinha quatro anos e fazer esse vídeo foi uma processo de descoberta da importância da luta dele”, conta Ana Ribeiro, produtora do vídeo.
Para o historiador Paulo César Ribeiro, relembrar esses acontecimentos é muito importante. “Filmes como esses mostram um pouco da nossa história. Foi uma ditadura muito violenta que assassinou milhares de indígenas, de camponeses e perseguiu sindicalistas. Costumo dizer que 99% da população brasileira sofreram com os acontecimentos desse período, mas muitos não se dão conta”. Já o ex-deputado Gilberto Palmares, as histórias mostradas no vídeo provam que é preciso continuar “remando contra a maré para tornar o mundo mais humano”.