Diversidade cultural, comunicação e participação social serão temas de uma das oito mesas promovidas durante o Seminário Cultura e Desenvolvimento, que será realizado de 21 a 23 de setembro, no Rio de Janeiro. Promovido pelo Ministério da Cultura e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o evento busca debater as conexões entre diversidade cultural e temas relevantes da atual agenda global. O seminário comemora os 70 anos da Unesco e os 10 anos da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
A mesa sobre diversidade cultural, comunicação e participação social será realizada no dia 23 de setembro, às 9h30, e será mediada pela secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Ivana Bentes. A conversa, gratuita e aberta ao público por meio de
inscrições prévias, contará também com participação do antropólogo José Jorge de Carvalho, responsável pelo projeto Encontro de Saberes, que leva mestres de cultura popular para darem aulas em universidades.
A partir desta terça-feira, o MinC divulga série de entrevistas com mediadores de mesas do seminário. Em entrevista, Ivana Bentes fala sobre a importância do evento, que defende ser uma forma "para pensar em um novo modelo de desenvolvimento que coloque a dimensão simbólica, econômica e cidadã da cultura como prioritária" e sobre a importância da diversidade cultural brasileira
"A diversidade cultural é a real riqueza do Brasil. As experiências, práticas, metodologias, economias em torno da diversidade são o que de mais sofisticado temos para oferecer ao mundo", afirma Bentes.
MinC - Qual a importância do Seminário Internacional Cultura e Desenvolvimento?
Ivana Bentes – Articular as questões da Diversidade com as políticas Culturais do MinC e fazer um debate amplo que parte da Cultura para pensar um novo modelo de desenvolvimento que coloque a dimensão simbólica, econômica e cidadã da cultura como prioritária. Também é importante para que os grupos e movimentos culturais se apropriem dos temas e debates da Convenção da Diversidade Cultural da Unesco, que tem a diversidade das expressões culturais, a diversidade de mídia, a diversidade das línguas, a diversidade dos mundos como objeto de apoio, estímulo, salvaguarda. Em um momento de intolerância diante das diferenças culturais, religiosas e sociais, é decisivo fortalecer projetos globais com incidência nos governos do mundo.
MinC - Em sua opinião, que avanços ainda precisam ser feitos no Brasil em relação à Convenção sobre Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais?
Ivana Bentes - Acho que um dos principais avanços é trazer os protagonistas da sociedade civil para dentro do debate sobre a diversidade, para que a Convenção se torne um instrumento das lutas, que sirva para fortalecer projetos de vida, projetos de mundo, para que se constitua uma coalisão para além das esferas governamentais. Acredito que essa nova governança pode potencializar a incidência nas políticas culturais dos países.
MinC - Quais são os principais dificuldades que as manifestações culturais da diversidade cultural brasileira enfrentam e que soluções podem ser adotadas?
Ivana Bentes - A maior dificuldade é traduzir o reconhecimento simbólico em políticas concretas que protejam, que deem sustentabilidade, que posicionem a questão da diversidade cultural brasileira como estratégica em um projeto político e cultural e mesmo em um projeto alternativo de desenvolvimento. Os grupos indígenas, quilombolas, os povos de terreiro, as culturas de matriz africana, as ruralidades, a cultura rural contemporânea, os movimentos das minorias precisam de políticas públicas que os fortaleçam de forma contínua. Precisamos dar escala a essas políticas. A diversidade cultural é a real riqueza brasileira. As experiências, práticas, metodologias, economias em torno da diversidade são o que de mais sofisticado temos para oferecer ao mundo. Precisamos de índices, de dados, de mapeamentos e cartografias que sirvam de base para políticas de apoio simbólico, político e de sustentabilidade dessa diversidade. Não podemos aceitar retrocessos nesse campo e temos que sensibilizar governos, empresas e a sociedade brasileira para essas questões.
Fonte: MinC