Hoje, eu percebo quem é de fato retrógrado no Brasil. Aqueles que são intolerantes de gênero, raça, religião, opção sexual e, sobretudo, classe social. Me causa muita tristeza esse despir fascista, com essas indumentárias da moralidade e ética como principais referências. Eu costumo dizer que ainda não superamos o nosso colonialismo do Séc.XIX. Sim, nós estamos atrasados quando repetimos um discurso baseado no chamado darwinismo social, que recorre sempre ao termo meritocracia. Isso é a naturalização da exploração do homem pelo homem, da prevalência do que tem sobre aquele que não tem. Mas então, como construir uma sociedade justa e isônoma aonde todos podem ter acesso às condições mínimas de vida? Estamos divididos agora? Sim, sempre estivemos nessa condição. Somos divididos há mais de 500 anos, sem terra, sem moradia, sem educação, sem saúde e sem cidadania.
O Brasil não foi dividido há 12 anos com o PT no poder. Ele nasceu dividido a partir do Tratado de Tordesilhas, das Capitanias Hereditárias, na Independência, Abolição, República, Revolução de 30, Golpe Civil Militar de 64, na Reabertura e Anistia e na Constituição de 1988. Sempre com acordos e acomodações. E sabe quem sempre ficava de fora? Aqueles que hoje sofrem com o preconceito dos inconformados que bradam de forma odiosa contra quem exerceu o seu direto de escolha.
Na verdade, você sabe o que divide uma sociedade? Lhe digo: preconceito, exclusão social, xenofobia e consumismo. E não venha me dizer que isso começou recentemente. Por isso, sim, eu me assumo sim como burro, preto, ladrão, viado, maconheiro, nordestino e comunista. Se for para dividir, então vamos dividir. Quero sentar do seu lado, morar no seu bairro, estudar contigo, comer o que você come e beber o que você bebe, entre outras coisas. Assim é justo dividir, certo?