Um evento em Planaltina, no Distrito Federal reuniu jovens da cidade que são adeptos da arte do hip hop na segunda semana de Julho. O Encontro de Bboys e Bgirls foi realizado na antiga prefeitura na Avenida João Quirino, no Setor Tradicional da região administrativa do Distrito Federal.
O estudante Bart Almeida de 18 anos foi o responsável pela organização. O jovem é dançarino de Breaking e aluno do ensino médio no Centro Educacional 3.
A dança
O Breaking é uma das subdivisões do hip hop que é uma arte composta por música, dança e grafitti. O estilo musical surgiu na década de 70, nos guetos da cidade de Nova York. No Brasil, se tornou febre nos anos 80 e hoje é uma arte presente na maior parte das regiões administrativas do DF. As cidades que concentram a maior quantidade de artistas são Planaltina e Ceilândia.
Para Bart a dança afasta jovens das ruas e dá oportunidade para ficar longe das drogas. “Com o braking o jovem não fica na rua o dia todo sem fazer nada, quando não está na escola está fazendo o que gosta, pena que não há incentivo de políticas públicas para essa área. O encotro de hoje teve o objetivo de não deixar a arte morrer e trazer de volta aqueles que pararam devido as dificuldades”, afirma.
Um dos jurados, que tem como objetivo selecionar os melhores para outra competição, é o Bboy, conhecido como Dudu Break, ele é morador de Planaltina e dança a mais de dez anos.
Para ele, apesar da importância dessa arte para a juventude no contexto de violência em que vive o DF, pouco se investe em termos de estrutura. “Falta um lugar para ensaiar, não há um centro cultural ou algo do tipo. A dança é muito importante para afastar a juventude da violência e das drogas, se eu não estivesse no hip hop, hoje estaria preso ou morto. Infelizmente este foi o fim de muitos colegas que eu tinha, tudo isso por falta de investimento em políticas com eficácia para promover a paz, a cultura e educação”, completa Dudu.
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Falta investimento
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Dudu Break já participou de campeonatos de dança em São Paulo, Goiânia e Rio de Janeiro. Há alguns anos recebeu proposta para ir à Argentina, mas não foi por falta de dinheiro para a passagem.
Realidade de outros artistas de Brasília. Dudu conta ainda que já procurou o GDF e foi informado que não havia verba para tal investimento.
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Cansado de esperar pelo governo, criou um galpão em sua casa no bairro Jardim Roriz, que já foi um dos mais violentos do Distrito Federal. Foi professor do Programa do GDF, Expresso ação, e conta que chegava a mil alunos por cidade em que visitava, mas o projeto acabou há alguns meses.
Adriano Gomes (30), mais conhecido na dança como Bboy Dri, é artista há nove anos e afirma que a dança faz com que a raiva que seria despejada nas ruas seja convertida em energia para melhorar o desempenho em campeonatos. “Quando você dança sente uma energia boa, pode até estar com raiva, mas ela passa a medida que você se envolve com a batida da música”.
O local cedido para as apresentações está funcionando de forma precária. O prédio do século 19 abriga a junta militar de Planaltina, um centro tecnológico e uma biblioteca, mas há rachaduras nas paredes, e parte da cobertura de gesso que reveste o teto veio ao chão, o que representa risco a população. Realidade bem próxima de todo o Centro Histórico da região.
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Centro cultural
O gerente de Cultura de Planaltina, Renato Telles, informa que o organizador do evento, Bart Almeida, será convidado a dar aulas de dança para a comunidade. Telles informa ainda que o projeto de um centro de cultura que será composto por teatro, cinema e biblioteca já foi enviado a Câmara do DF. A obra orçada em 4,5 milhões deve começar em 2012 e será ao lado da Administração da cidade.