“Não é uma vitória de Pernambuco, é uma vitória do Brasil”. Com estas palavras, o secretário-chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar, comentou, por telefone, o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade concedido ao Frevo. O reconhecimento foi anunciado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, no final da manhã de ontem.
Defendida na 7ª sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, a expressão cultural pernambucana era o único símbolo brasileiro que concorria na assembleia da Unesco, na França. Entre os concorrentes que disputavam o título, o canto budista de Ladakh (Índia), o trançado de chapéus de palha (Equador) e a luteria tradicional de violinos em Cremona (Itália). O site oficial da Unesco descreve que “a habilidade de promover a criatividade humana e o respeito pela diversidade cultural são inerentes ao frevo”.
“Logo após o resultado, uma aclamação emocionou no evento”, destacou Alencar, lembrando a presença da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, no evento, junto a uma comitiva que incluía José Nascimento Júnior (Iphan), o senador Humberto Costa (PT), o deputado Fernando Ferro (PT) e o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, entre outros.
“A ministra [da Cultura] fez menção ao Frevo não apenas como uma expressão musical e da dança, mas também como um símbolo da insurgência na cultura pernambucana”, ressaltou Tadeu Alencar. Para o secretário, “o frevo é uma das poucas expressões que resistiram à pasteurização dos costumes, que sepultam tradições culturais importantes”.
Já o secretário executivo de Cultura do Estado, Beto Silva, chamou a atenção para o valor do título como um estímulo para a salvaguarda e longevidade do ritmo. “Essa visibilidade internacional vai estimular a política pública a acompanhar ainda mais nossa cultura, além de nos ajudar na busca de recursos que possam preservar o acervo de música, gravações, apresentações populares, tudo aquilo, enfim, que pertence ao Frevo”, adiantou.
Para Silva, o título é uma vitória da comunidade pernambucana. “A vida do frevo é essencialmente mantida por agremiações carnavalescas. Por pessoas que o vive em seu cotidiano. E desde de 2008 que o Brasil não recebia tal reconhecimento”. Silva recorda que, no Brasil, o Frevo agora compartilha o título ao lado do Samba de Roda do Recôncavo e expressões artísticas da Amazônia.
Tadeu Alencar vê como emblemático que Pernambuco receba este prêmio em 2012. “Vivemos um grande momento de renascimento no Estado, do ponto de vista econômico, e nada mais natural do que ver este êxito representado também pela cultura”, destacou.
O prefeito do Recife, João da Costa, em entrevista coletiva, destacou a importância dessa vitória para todos que contribuem na manutenção da tradição do frevo, destacando o papel dos músicos, dançarinos, blocos e agremiações. “Esse título é um reconhecimento mundial que destaca o Recife como a cidade que produziu o estilo e a cultura do frevo”, comentou.
Um dos artistas mais ativos do gênero no Estado, Maestro Spok reconhece a importância desse título como “o reconhecimento de um trabalho sério, resultado de um trabalho plural e amparado por diversas gerações de músicos e meus mestres particulares”. “Fico feliz em fazer parte de uma dessas gerações de artistas do frevo. Estamos, todos nós, de parabéns”, arrematou.
Para Maestro Forró, um dos defensores da expressão mais contemporânea do frevo, esse reconhecimento vem para abrir portas para o ritmo no exterior e ampliar a visão dos próprios brasileiros. “Estive recentemente na Europa e foi incrível perceber a receptividade que o frevo tem por lá. Ele é pernambucano, nasceu no Recife, mas deve estar ao alcance do mundo. Acredito que esse título vem para ajudar nessa promoção”, avaliou.
Fonte: Folhape