Como forma de protesto duas etnias não participarão dos Jogos Mundiais Indígenas (JMI), que será realizado em Palmas, Tocantins, entre os dias 23 de outubro e primeiro de novembro.
A etnia Kraô foi a primeira a declarar a não participação no megaevento. Em ofício encaminhado no dia dez de setembro aos organizadores dos JMI, os 28 caciques Kraô questionaram o governo financiar os Jogos e ao mesmo tempo promover um genocídio da população indígena Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul.
Os caciques também destacaram a incoerência do evento que tem como principal organizadora a Ministra da Agricultura Katia Abreu, tida como responsável pelo avanço do movimento anti-indígena no Brasil.
No documento, o povo Kraô denuncia ainda que os Jogos servem para promover a imagem do governo e não a causa indígena. Os caciques exigem a retirada de qualquer menção à etnia do material de divulgação do evento.
O descaso do governo com dados alarmantes como o crescimento de 130 por cento no número de índios assassinados em 2014, segundo o relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil”, apresentado em junho pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), sensibilizou também a etnia Apinajé.
Os caciques e lideranças do povo Apinajé declararam em nota o apoio ao povo Kraô e a não participação nos Jogos Mundiais Indígenas. Segundo o manifesto, a etnia não aceita ‘participar de um evento de caráter midiático e sensacionalista que tem por finalidade usar imagem dos povos indígenas para distorcer os fatos e mentir no exterior; ocultando a verdadeira realidade e o sofrimento dos povos indígenas do Brasil.’
No documento os indígenas criticam o gasto excessivo com os Jogos, orçado em 160 milhões de reais, a falta de demarcação e regulação de territórios tradicionais, a criminalização de lideranças indígenas e o abandono e sucateamento das estruturas de atendimento à saúde para a população tradicional. (pulsar)