A militarização das escolas públicas já ocorre em grande escala pelo país. Só em Goiás, são mais de 40 colégios administrados por militares desde 1999, quando esse tipo de ensino teve início. Estimulada pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), a proposta também já consta no programa do governador eleito Ronaldo Caiado (DEM).
No entanto, para especialistas na área e críticos a este tipo de ensino, os parâmetros militares, além de restringirem a autonomia dos professores, são muitas vezes inaptos do ponto de vista pedagógico e de formação.
Uma professora de História, que preferiu não se identificar, conta que, em mais de um ano de trabalho realizado na Escola Estadual Major Oscar Alvelos, coordenada pela Polícia Militar de Goiás, além de sofrer interferência dos militares em sua metodologia, teria sido perseguida e intimidada, precisando se demitir. “Eles são leigos, não entendem nada de educação”, afirma.
Nestas escolas, a disciplina é o princípio norteador e há regras como o corte de cabelo na forma regulamentar, a continência aos superiores, a vigilância e até a proibição de leituras que atentem contra a ordem pública imposta pelos militares. E, de acordo com a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, a demanda dos pais por esse modelo de ensino acaba reduzindo investimentos nas escolas estaduais comuns.
Segundo o Ministério Público, está em tramitação uma ação pública contra o estado de Goiás que visa garantir a matrícula dos alunos sem ônus, já que muitas vezes ainda são cobradas taxas que variam de 80 a 200 reais. (pulsar/rba)