No Brasil, o índice de insegurança alimentar, que mede a dificuldade de acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, é de 22,6 por cento. Em três comunidades Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul que lutam por seu território, esse índice é de 100 por cento, ou seja, todas as famílias entrevistadas sofrem algum tipo de violação ao direito de ter uma alimentação adequada.
Os números são da pesquisa “O Direito Humano à Alimentação Adequada e à Nutrição do povo Guarani e Kaiowá – um enfoque holístico” , coordenada pela FIAN Brasil e pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que coletou dados durante três anos junto a indígenas Kurusu Ambá, Ypo’i e Guaiviry de 96 domicílios. O resumo executivo da pesquisa foi lançado na última terça (16).
Para Cleber César Buzatto, secretário-executivo do Cimi, há uma relação direta entre a fome dos indígenas e a falta de posse das terras. Segundo ele, muitas comunidades estão na beira de estradas ou em áreas retomadas, sem nenhum espaço para plantar ou sem fonte de renda fixa, a não ser o auxílio de programas sociais.
De acordo com a publicação, em 76 por cento dos domicílios, o entrevistado afirmou que, no mês anterior, houve dias em que as crianças e os jovens da casa passaram sem comer e foram dormir com fome, porque não havia comida na casa.
Em 80 por cento das casas, o adulto entrevistado disse ter comido menos para deixar comida para as crianças e, em 82 por cento, as pessoas comeram menos do que julgavam ser necessário, porque não dispunham de recursos para obter alimentos. (pulsar/brasil de fato)