A apropriação de terras é uma prática controversa muito comum em países em desenvolvimento, na qual investidores adquirem, de forma ilegal ou não, terrenos para a realização de grandes investimentos, geralmente agrícolas, com foco na exportação de alimentos e biocombustíveis. Mas um novo estudo aponta que estas terras poderiam alimentar milhões de pessoas se fossem de propriedade das populações locais.
A pesquisa, publicada na última quinta-feira (26) no periódico Environmental Research Letters, sugere que estes grandes empreendimentos costumam arruinar os agricultores de pequena escala e de subsistência, retirando deles suas terras e deixando-os sem condições de produzirem seu próprio sustento.
Para chegar a esta conclusão, os cientistas calcularam as aquisições de propriedades de mais de 200 hectares realizadas em países em desenvolvimento desde 2001, o que totalizou 31 milhões de hectares. Se a terra fosse cultivada com 100% de sua capacidade, através das formas mais tecnológicas, poderia alimentar entre 300 e 550 milhões de pessoas. Sem as tecnologias dos investidores, a terra poderia alimentar de 170 a 370 milhões de pessoas.
De acordo com Hannah Stoddart, diretora de políticas para alimentação e mudanças climáticas da organização Oxfam, o mundo já produz comida suficiente para alimentar a todos, mas uma em cada oito pessoas vai dormir com fome todos os dias. Hannah acredita que o fortalecimento do direito à terra é crucial para garantir que as comunidades não sejam prejudicadas. (pulsar/envolverde)