Nesta terça-feira (14), o Ministério da Saúde anunciou uma consulta pública a respeito de resoluções para incentivar o parto normal e reduzir as cesarianas nos hospitais particulares brasileiros. A opinião de todos os setores da sociedade, inclusive usuárias dos planos de saúde, serão colhidas entre os dias 23 e 24 de novembro, por meio de formulário no portal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Embora a agência tenha afirmado promover uma série de iniciativas para estimular o parto natural desde 2004, as cesarianas são consideradas epidemia nos hospitais particulares, que atendem sobretudo as usuárias de plano de saúde.
No Brasil são realizados cerca de dois milhões e 500 mil partos por ano, sendo que dois milhões ocorrem no Sistema Único de Saúde (SUS) e 500 mil nos hospitais particulares. De acordo com o estudo Nascer no Brasil, divulgado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a cada 100 mulheres que dão à luz em hospitais particulares no país, 88 são submetidas a cesarianas. A proporção é bem maior do que a média nacional de partos cirúrgicos, de 52 por cento, considerada a maior do mundo.
O dado é preocupante pois a cesariana prejudica a saúde de mãe e filho. A Organização Mundial da Saúde recomenda que somente 15 por cento dos nascimentos ocorram por procedimento cirúrgico. Neste percentual devem estar incluídas as intercorrências necessárias para não colocar em risco a vida da mãe ou do bebê.
A exposição de mãe e filho aos riscos inerentes a toda cirurgia, como problemas com a anestesia e infecções, antecipa o nascimento do bebê, interferindo no seu desenvolvimento e ganho de peso. Além disso, estudos associam o parto natural a benefícios para a saúde da criança no futuro, como menor propensão a diabetes, asma, alergias e outras doenças não transmissíveis. (pulsar/rba)