Moradores de favelas do Rio de Janeiro fizeram no domingo (2) um ato pela paz na orla de Copacabana. Eles homenagearam Marlene Maria da Conceição, de 76 anos, e Ana Cristina Conceição, de 42, mãe e filha, mortas na última sexta-feira (30) durante um tiroteio entre policiais e traficantes no Morro da Mangueira, na zona norte.
O presidente da Associação de Moradores do Complexo da Mangueira, Washington Fortunato, explicou que o ato já havia sido marcado pela Federação Municipal das Favelas do Rio (FAF-Rio) há dois meses, pois a violência e as mortes de pessoas inocentes são rotineiras nas comunidades pobres da cidade.
Fortunato destacou que o governo colocou Unidade de Polícia Pacificadora para dar segurança, mas o que trouxe foi insegurança. O presidente da Associação de Moradores do Complexo da Mangueira denunciou ainda que as UPPs são instaladas sem os projetos sociais, que são prometidos desde o início da implementação.
A presidente da Associação dos Moradores do Morro da Providência, Gisele Dias, disse que as violações de direitos dos moradores de favelas estão cada vez mais intensas e frequentes.Segundo ela, o ato realizado no domingo é de resistência, é para dar voz às favelas. Dias afirmou que a população que mora nas comunidades sai de casa sem saber se vai voltar, os moradores são reféns da guerra entre polícia e bandido.
Para o presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Tancredo Neves, do bairro do Jacaré, na zona norte, Marco Martins de Castro, os moradores têm vários direitos cerceados por causa dos confrontos entre policiais e traficantes.
A coordenação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) informou que está à disposição de todos os moradores que queiram auxiliar o trabalho dos policiais na comunidade. A coordenação também disponibiliza o serviço de Ouvidoria Paz com Voz, principal canal de comunicação entre moradores e UPP. O serviço recebe demandas pelo telefone (21) 2334-7599 ou por meio do site ouvidoriaupp.com.br ou na Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), na Avenida Itaoca, número mil 618, em Bonsucesso. Segundo a Polícia Militar, o anonimato é garantido.
Em nota, a Secretaria estadual de Segurança disse que “tem como prioridade a preservação da vida, a convivência pacífica e a redução de índices de criminalidade no estado” e que, para isso, tem investido desde 2007 na pacificação nas comunidades, na diminuição do uso de fuzis, na implantação do Sistema de Metas e Acompanhamento de Resultados, além de criar o Programa de Gestão e Controle do Uso da Força “para avaliar e capacitar os policiais da atividade-fim, lotados nos batalhões com os maiores registros de letalidade violenta”. (pulsar)
*Informação da Agência Brasil