Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que a desigualdade está crescendo no Brasil e registrou aumento persistente no segundo semestre de 2019, superando o pico histórico observado em 1989. Segundo o documento, enquanto a renda da metade mais pobre da população caiu cerca de 18 por cento, somente o um por cento mais rico teve quase dez por cento de aumento no poder de compra. “Nem mesmo em 1989, que constitui o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, aponta o documento.
Publicado pelo Centro de Políticas Sociais da fundação, o estudo avaliou as mudanças nos índices de desigualdade nos últimos sete anos e suas relações com o crescimento, as consequências sobre o bem estar social e a pobreza.
Apenas em 2015, a pobreza subiu 19,3 por cento no Brasil, com três milhões e 600 mil novos pobres. Desde o segundo trimestre do mesmo ano, até 2017, a população vivendo na pobreza no país aumentou 33 por cento, atingindo 11,2 por cento dos brasileiros, contra os 8,4 por cento antes registrados. O estudo se baseia na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e no índice de Gini, medidor global de desigualdade.
Os dados mostram que a redução de renda em diferentes grupos, o aumento das desigualdades e consequentemente da pobreza foi reflexo do aumento do desemprego. Houve queda de renda média do trabalho entre todos em idade ativa, não somente os ocupados, cujo período crítico foi de 2014 a 2019 e a perda de renda média foi de -3,71 por cento. Esta perda é mais forte entre os jovens de 20 a 24 anos, entre os analfabetos, os moradores da região norte e nordeste e pessoas de cor preta, todos com redução de renda duas vezes maior a da média geral.