A cerimônia de entrega do Prêmio Camões de 2016 foi marcada por protesto contra o governo federal. O evento ocorreu na manhã desta sexta-feira (17), no Museu Lasar Segall, em São Paulo e homenageou o escritor Raduan Nassar pela contribuição à literatura portuguesa.
No discurso de agradecimento, o autor de Lavoura Arcaica e Um copo de cólera, fez duras críticas ao atual governo de Michel Temer. Nassar iniciou o discurso falando do ataque à Escola Florestan Fernandes e também da indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF), classificada como ‘exótica’ pelo autor.
Nassar ainda chamou o governo de ‘repressor’ devido a política de austeridade adotada contra os trabalhadores e aposentados. O escritor concluiu a sua fala destacando que o STF é ‘coerente com o seu passado à época do regime militar. Segundo ele, ‘o mesmo Supremo propiciou a reversão da democracia ao não impedir que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados e réu na Corte, instaurasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff’.
A fala de Nassar foi rebatida pelo Ministro da Cultura, Roberto Freire, que se disse ‘perplexo’ ao ver o discurso de ‘pessoas com idade em que viveram um efetivo golpe nos anos 1960’. Ele ressaltou que o público presente era testemunha de que não há nenhuma confusão no momento democrático que o Brasil vive.
A plateia se manifestou com aplausos após o discurso de Nassar e vaias e gritos de ‘fora temer’ durante a fala do Ministro, que foi interrompida diversas vezes.
O Ministério da Cultura emitiu uma nota oficial em que diz ‘que lamenta, mais uma vez, a prática do Partido dos Trabalhadores em aparelhar órgãos públicos e organizar ataques para tentar desestabilizar o processo democrático’ . (pulsar)