Seis meses depois do crime da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, que matou 272 pessoas e deixou outras 24 não encontradas, a impunidade e o descaso continuam sendo a marca da mineradora multinacional com as comunidades. Desde o primeiro dia, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acompanha o sofrimento, a dor e a luta dos atingidos e atingidas da Bacia do Rio Paraopeba.
Com a mesma atuação que tem há quase quatro anos na bacia do Rio Doce, a Vale continua tentando manipular a Justiça e os atingidos, fugindo da responsabilidade pelo crime. “A Vale age com truculência com os atingidos, desrespeitando a luta do dia a dia dessas pessoas, desrespeitando a justiça e agindo como se fosse dona de tudo”, denuncia Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do MAB.
A empresa segue estratégias de individualização dos processos e tenta seduzir a população a assinar um termo de quitação, garantindo que os atingidos não possam mais reclamar seus danos à Justiça para além do valor recebido, e buscando baratear o quanto pode os custos de reparação.
Como resposta ao descaso da Vale, a organização da população tem crescido a cada dia, com a criação e consolidação de Comissões e grupos de base em diversos bairros, comunidades e municípios. Junto com o Ministério Público, a Defensoria Pública e diversos órgãos e instituições, o MAB e os atingidos lutam por justiça para o crime.
A luta dos atingidos e atingidas já garantiu algumas importantes conquistas como a Assessoria Técnica Independente, o afastamento da Vale do cadastramento das famílias, o pagamento do auxílio emergencial e o reconhecimento de mais de 100 mil atingidos que moram nas proximidades do Rio Paraopeba, além de outras garantias.
O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão atingiu toda a Baca do Paraopeba, trazendo consequências para dezenas de municípios, chegando até o rio São Francisco. A população ribeirinha, que dependia do rio Paraopeba, segue sofrendo os resultados do crime. (pulsar/mab)