Lideranças indígenas protestaram na tarde da última terça-feira (1º), em Brasília, para lembrar a morte do líder guarani-kaiowá Semião Vilhalva, assassinado com um tiro na cabeça, no último final de semana, em confronto com fazendeiros que tentaram ocupar uma área de reserva no Sudoeste do Mato Grosso.
Um caixão representando o corpo de Semião foi levado à Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes cobraram aceleração nas demarcações de reservas e respeito às terras indígenas. Segundo os representantes das tribos que foram a Brasília, políticos locais também participaram dos ataques. De acordo com o líder guarani-kaiowá, Inácio Perauta, para os fazendeiros um boi vale mais que uma criança e a vida vale menos que uma bala.
As lideranças indígenas também culparam o Congresso Nacional pela violência, devido à pressão da bancada ruralista, que tenta aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere para o Legislativo o direito de demarcação das terras indígenas. Eles também criticaram o poder Executivo, devido à burocracia que atrasa a regulamentação das reservas. Dada a crescente tensão entre índios e fazendeiros, a presidenta Dilma Rousseff autorizou o envio de tropas do Exército para conter o conflito.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, lembrou que a área de Ñanderu Marangatu, no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul, já deveria ter sido totalmente demarcada, pois tem homologação de reserva desde 2005, mas os processos estão paralisados no Supremo Tribunal Federal.
Para Pimenta, a morte do líder indígena é resultado “da omissão, da morosidade, da burocracia, e da falta de coragem e de determinação” das autoridades públicas e “da força, cada vez maior do poder econômico”, dos grandes proprietários de terras e produtores de açúcar na região. O deputado lembrou ainda que a maioria dos guarani-kaiowá vivem em condições precárias, sem acesso à água potável ou serviços de saúde e educação. (pulsar/rba)