Plantas mais produtivas, mais alimentos, menos fome mundial e menos agrotóxicos nas plantações. Após 10 anos da liberação dos alimentos transgênicos no Brasil, todas essas promessas se transformaram em mitos.
Desde o início da liberação, muitos movimentos sociais já apontavam para os mitos dos transgênicos. As evidências mostram que o número de desnutridos aumentou e que as sementes utilizadas são resistentes aos agrotóxicos, contaminando tudo que está ao redor. Mesmo assim, a legislação brasileira ainda tenta aprovar mais flexibilizações.
Hoje tramitam no Congresso Nacional e no Senado quatro projetos sobre transgênicos. Os projetos vão desde a retirada do símbolo que informa nas embalagens a transgenia do produto, até a autorização de tecnologias genéticas de restrição de uso. Uma dessas tecnologias de restrição de uso é a semente terminator, uma semente suicida.
De acordo com Flávia Londres, da associação Agricultura Familiar e Agroecologia, a tecnologia produz uma semente estéril e deixa o agricultor dependente. Mesmo assim, uma tecnologia que não é aprovada em nenhum lugar do mundo está em pauta entre os nossos deputados. Flávia explica que se trata de uma espécie de patente biológica, a semente terminator não pode ser replantada, e o agricultor precisa comprar todo ano mediante contrato.
André Burigo, professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alerta que está em análise na Comissão Nacional de Biotecnologia a aprovação do plantio de sementes de milho e soja resistentes a um agrotóxico mais agressivo, conhecido como o agente laranja da Guerra do Vietnã. Na classificação toxicológica, o agente laranja é considerado o mais grave para a saúde humana. E na classificação de impacto e toxidade ao meio ambiente, ele fica em segundo lugar. (pulsar/brasildefato