Desde que o crime de estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro se tornou público, muitos setores da sociedade civil se solidarizaram à situação da jovem mulher, e se manifestaram através das redes sociais e em forma de Cartas Abertas, chamando o Brasil para o debate e o repúdio à cultura do estupro, ao machismo, à sociedade que coisifica e escraviza as mulheres. Preocupada com a importância de manter a visibilidade do tema, a Rede de Mulheres da Amarc Brasil (Associação Mundial de Rádios Comunitárias) também lançou uma carta de repúdio a esta cultura.
A carta destaca que o estupro é o único crime em que o local, a hora, as roupas ou o comportamento da vítima são usados para “determinar” ou “decidir” se houve crime ou não. O texto ainda lembra que até o ano de 2009, o estupro era considerado crime contra a honra.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou em 2015 que a cada onze minutos uma mulher é violentada no Brasil. Isto representa uma média de 130 estupros por dia. A cada ano, são quase 50 mil casos de estupro registrados. Levando em conta que apenas 10 por cento dos casos chegam a ser registrados, este número pode ser dez vezes maior.
A Rede de Mulheres da Amarc/Brasil mostra o seu repúdio a esse e a todos os crimes cometidos contra as mulheres. A carta pede um basta à cultura do estupro – este que é um conjunto de conceitos e ações que inferiorizam, dominam, desumanizam as mulheres e as relações de gênero. Uma sociedade que naturaliza em suas várias nuances o predomínio de uma pessoa sobre a outra é uma sociedade doente. E esta doença se trata com o constante diálogo, o debate, a revelação, a indignação e o combate sistemático ao preconceito de gênero.
Confira a carta na íntegra na página da Amarc Brasil. (pulsar/rede de mulheres da amarc brasil)