A desigualdade entre brancos e negros no Brasil continua acentuada. A Oxfam, entidade humanitária que se dedica a combater a pobreza e promover a justiça social, estima que esses dois grupos só terão uma renda equivalente no país em 2089, daqui a pelo menos 72 anos.
Em seu relatório sobre desigualdades brasileiras, a ONG aponta cenários futuros para a distribuição de renda, com base em dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da Pnad anual (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Nesta conta, foram considerados todos os tipos de ganhos de mulheres e homens, tanto brancos como negros: além da renda gerada pelo trabalho, também aquela que vem de benefícios sociais (como Bolsa Família), da aposentadoria, do aluguel de imóveis e do rendimento de aplicações financeiras, por exemplo.
Em 2015, considerando todas as rendas, brancos ganhavam, em média, o dobro do que ganhavam negros: mil 589 reais em comparação com 898 reais por mês. Em 20 anos, os rendimentos dos negros passaram de 45 por cento do valor dos rendimentos dos brancos para apenas 57 por cento. Se mantido o ritmo de inclusão de negros observado nesse período, a equiparação da renda média com a dos brancos ocorrerá somente em 2089.
De acordo com o relatório da Oxfam, 67 por cento dos negros brasileiros estão entre as pessoas que recebem até um salário mínimo e meio. Os brancos são menos de 45 por cento.
O estudo ainda indica que “Cerca de 80 por cento das pessoas negras ganham até dois salários mínimos. Tal como acontece com as mulheres, os negros são menos numerosos em todas as faixas de renda superiores a um salário mínimo mínimo, e para cada negro com rendimentos acima de dez salários mínimos, há quatro brancos”.
De acordo com Rafael Georges, cientista político e coordenador de campanhas da Oxfam Brasil, em um apanhado histórico de 40 anos, o Brasil teve uma trajetória de redução das desigualdades, ainda que “muito tímida”. Ele destaca que essa diminuição se deu, no entanto, entre a base da pirâmide social, onde estão os mais pobres, e a classe média, enquanto o topo da pirâmide, onde estão os mais ricos, não foi alterado.
Ele afirma ainda que “Esses são os dados mais recentes, por exemplo, das pesquisas tributárias, que mostram que o um por cento mais rico continua com uma fatia de renda geral do país entre 20 por cento e 30 por cento de toda a renda produzida no Brasil”. (pulsar/portal fórum)