Em reunião no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, realizada na última quarta-feira (20), os atingidos conquistaram vitórias para a população impactada pelo crime da Vale em Brumadinho. Para o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), além do auxílio financeiro emergencial, o afastamento da empresa no processo de cadastro será fundamental para que o trabalho de reparação seja feito com mais propriedade.
Por meio de pressão do movimento e das comissões envolvidas junto à esfera judicial, foi negociada a contratação de uma assessoria técnica independente que vai realizar o cadastro dos atingidos. “Não vai ser a Vale que vai escolher quem vai ter direito e quem não vai ter”, afirmou Joceli Andreoli, dirigente do MAB, que está acompanhando o trabalho na região. Cerca de 200 atingidos realizaram um ato exigindo justiça na porta do tribunal.
Como verba de manutenção até a conquista das indenizações, a Vale deverá pagar ao longo de 12 meses um salário mínimo mensal (998 reais) para cada adulto morador de Brumadinho, meio salário mínimo (499 reais) para cada adolescente e um quarto de salário (249 reais e 50 centavos) para cada criança. Outro ponto debatido na audiência do Termo de Ajuste Preliminar (TAP) foi a possibilidade de levantamento, por parte da entidade que vai organizar o cadastro, das dívidas das famílias atingidas que não conseguem pagar por conta dos desdobramentos da tragédia.
A militante do MAB, Tchenna Maso, destaca a importância da conquista da assessoria técnica como acúmulo da luta no crime de Mariana, também em Minas Gerais. A diferença no tratamento da justiça com o conceito de classificação de atingidos (não só os da chamada “zona quente” do desastre, mas todos os moradores de Brumadinho) também é considerada consequência da pressão e organização construídas ao longo de três anos na bacia do Rio Doce. (pulsar/mab)