Iniciada no último dia 11, na Escola Estadual Coronel Emilio Afonso Massot, em Porto Alegre, a mobilização dos secundaristas gaúchos já conta com 101 escolas ocupadas em todo o Rio Grande do Sul. O movimento ganhou força a partir da última sexta-feira (13), quando os professores entraram em greve por tempo indeterminado.
Os professores denunciam a falta de investimento nas escolas, reivindicam o pagamento do piso nacional, o reajuste imediato de 13,01 por cento referente a 2015 e 11,36 por cento em relação a este ano, e a nomeação de trabalhadores aprovados em concurso.
Os estudantes têm pautas específicas conforme a necessidade de cada escola. Além de investimentos para a melhoria da infraestrutura escolar e contratação de professores, têm em comum posição contrária ao Projeto de Lei 44/2016, de autoria do governo de José Ivo Sartori (PMDB), que qualifica organizações sociais (OS) para a gestão em áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, preservação, meio ambiente, esporte, saúde e cultura. Eles temem que o governo transfira as escolas para as OS.
O projeto de Sartori é semelhante ao adotado pelo governo de Goiás. No ano passado, o governador Marconi Perillo (PSDB) abriu licitação para contratar OS para dirigir escolas estaduais em Anápolis. O projeto piloto, que será ampliado para todo o estado, ainda não foi implementado porque as OS que se interessaram não foram consideradas aptas. Contra as iniciativas, estudantes ocuparam escolas goianas num movimento que seguiu ao dos estudantes de São Paulo, que se rebelaram contra a reorganização do ensino, com fechamento de escolas.
Na última terça-feira, em ato simbólico, os alunos da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, no bairro Medianeira, Porto Alegre, colocaram faixa sobre o nome da escola homenageando o estudante Edson Luís. Símbolo da luta contra a ditadura civil-militar (1964-1985), Edson Luís de Lima Souto foi morto em 1968, aos 18 anos, durante o governo do então presidente Artur da Costa e Silva.
De acordo com a professora de História, Silvia Ehlers, os estudantes chegaram à conclusão de que todo esse sucateamento está a serviço da privatização da educação pública. (pulsar/rba)