No último domingo (3), pescadores realizaram uma barqueata na Baía de Guanabara exigindo o cumprimento da promessa da Prefeitura do Rio de limpar 80 por cento da poluição. As organizações Baía Viva, Fórum de Pescadores e Amigos do Mar e a Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga se juntaram para organizar o protesto, que contou com aproximadamente 80 pescadores, membros da comunidade e jornalistas. A promessa de despoluição foi feita antes das Olimpíadas de 2016.
O evento começou com o anúncio da agenda do movimento. As associações exigem que uma indenização seja paga aos pescadores devido aoderramamento de óleo da Petrobras em 18 de janeiro de 2000, a criação de uma escola de pesca e centro de pesquisas a ser compartilhado com universidades na pequena ilha chamada Ilha Seca e o fim dos vazamentos de esgoto dos lixões de Gramacho e de Itaóca em Duque de Caxias e São Gonçalo, que devastam a vida marinha.
O fracasso do governo em limpar a baía antes das Olimpíadas é o último em uma série de compromissos não cumpridos, começando pelo Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) de 1991. A Baía Viva – uma coalizão de organizações ambientais e de pescadores –foi fundada para exigir do governo o Programa. Eles afirmam nenhum dos objetivos do programa foi cumprido até hoje. A Baía Viva se tornou novamente ativa no ano passado, quando a última promessa não cumprida pela Prefeitura, de limpar 80 por cento da Baía antes das Olimpíadas, “provocou uma enorme indignação”.
Para o protesto de domingo, os participantes utilizaram barcos de pesca, navegando da praia do Zumbi, na Ilha do Governador, até a Ilha Seca com placas com os dizeres “Presidente da Petrobras, pague os pescadores da Guanabara JÁ” e “Os pescadores pedem ajuda”. O ambientalista e fundador da Baía Viva, Sérgio Ricardo, destacou os tanques de petróleo abandonados na Ilha Seca que a coalizão de organizações de pescadores gostaria de converter em viveiros de peixes para repovoar a baía. Ele espera que a coalizão seja capaz de encontrar apoio financeiro para realizar uma barqueata ainda maior durante as Olimpíadas.
Os pescadores e pescadoras descreveram suas experiências com a devastação da Baía de Guanabara ao longo das últimas décadas. Zaine Coutinho é conhecida na vizinhança como a primeira pescadora da mais antiga comunidade de pesca artesanal do Rio. Recentemente, ela viu um cardume inteiro de peixes saltar da água e morrer na areia, algo que ela diz nunca ter visto em toda sua vida.
Segundo Sérgio Ricardo, apenas 12 por cento da superfície da Baía é liberada para a pesca. O restante foi transformado em “zonas de exclusão de pesca” por empresas petrolíferas. De acordo com ele, “os pescadores que não pescarem dentro das zonas corretas podem ser presos por crime ambiental, enquanto a indústria de combustíveis fósseis gera um risco muito maior ao meio ambiente”. (pulsar/rio on watch)