Resultados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, divulgados na última quinta-feira (26), indicam que a estrutura agrária no Brasil se concentrou ainda mais nos últimos 11 anos, período desde o último levantamento. De acordo com a pesquisa, propriedades rurais com até 50 hectares (equivalentes a 500 mil metros quadrados, ou 70 campos de futebol cada) representam 81,3 por cento do total de estabelecimentos agropecuários, ou seja, mais de quatro milhões de propriedades rurais. Juntas, elas somam 44,8 milhões hectares, ou 448 mil quilômetros quadrados, o que equivale a 12,8 por cento do total da área rural produtiva do país.
Por outro lado, duas mil e 400 fazendas com mais de dez mil hectares (100 quilômetros quadrados, ou 14 mil campos de futebol cada), que correspondem a apenas 0,04 por cento das propriedades rurais do país, ocupam 51,8 milhões de hectares (518 mil quilômetros quadrados), ou 14,8 por cento da área produtiva do campo brasileiro.
O Censo Agropecuário é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última edição da pesquisa foi realizada em 2006. Na época, os produtores com até 50 hectares representavam 78,4 por cento e estavam em uma área correspondente a 13,3 por cento da área rural produtiva.
Naquele ano, o instituto não identificou as propriedades acima de dez mil hectares, que estavam agrupadas na faixa que contabilizava as áreas com mais de dois mil e 500 hectares. Agora, o IBGE teve que readaptar a pesquisa por conta de uma redução orçamentária.
As propriedades que têm até dez hectares de terra representam metade dos estabelecimentos no país, mas utilizam uma área de apenas 2,2 por cento do território produtivo. Em 2006, elas ocupavam 2,7 por cento do total.
O Mato Grosso é o estado que tem mais propriedades acima de dez mil hectares, com 868 fazendas. Em segundo lugar, o estado vizinho, Mato Grosso do Sul, concentra 341 grandes latifúndios.
O Censo Agropecuário também mostra a utilização de agrotóxicos aumentou no país. Um terço das propriedades utilizam veneno em sua produção. O número de produtores que afirmaram representam 33,1 por cento. Em 2006, a taxa de uso de agrotóxicos era de 26,9 por cento.
Os resultados divulgados pelo IBGE ainda serão consolidados e, de acordo com o instituto, podem sofrer revisões. Informações como valor de produção, receita e despesas dos estabelecimentos e tipificações, como dados sobre a agricultura familiar, estarão na série de resultados definitivos do Censo Agropecuário 2017, que será divulgado em julho de 2019. (pulsar/brasil de fato)