A Comissão Popular da Verdade foi lançada na noite da última quinta-feira (19) em cerimônia aberta ao público no salão nobre da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A comissão tem como objetivo acompanhar de perto e denunciar as violações aos direitos humanos cometidas pelo Exército durante a atual intervenção militar no Rio de Janeiro.
Na cerimônia de lançamento, estiveram presentes moradores das favelas e representantes de movimentos populares, organizações de direitos humanos, universidades, instituições de pesquisa e diversos mandatos parlamentares que estão se articulando nos últimos meses para a criação da comissão.
Entre eles, estava o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), representando a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Para Freixo, a criação da comissão popular é urgente, principalmente após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).
Para Kátia Lopes, da Federação das Associações de Favelas do Rio (Faferj), a Comissão Popular também tem o papel de mostrar que os recursos gastos com a intervenção militar deveriam ser investidos em saúde, educação e moradia.
Durante a cerimônia também foram apresentadas as próximas ações da Comissão Popular. Entre elas, está a construção de uma agenda de visitas às favelas e periferias para dialogar com entidades locais e moradores sobre a intervenção militar. A primeira reunião para organizar essa programação vai acontecer na próxima quarta-feira (25), a partir das cinco horas da tarde, na Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro (CAARJ), no centro do Rio.
Além disso, está em fase de articulação um encontro com parlamentares, membros da Comissão Popular e o interventor federal na Segurança Pública no estado do Rio de Janeiro, general do Exército Walter Souza Braga Netto, para denunciar, oficialmente, casos de violação aos direitos humanos que já foram apurados pela comissão.
Também se encontra em desenvolvimento um aplicativo para celular para coletar denúncias anônimas sobre a atuação do Exército no estado. Uma página no Facebook da Comissão Popular da Verdade será divulgada nos próximos dias. Outro canal de comunicação para denúncias anunciado é o telefone (21) 97145-6898, que já tem atendimento das nove horas da manhã às seis horas da tarde, todos os dias, e aceita chamadas a cobrar.
De acordo com Gizele Martins, moradora da Maré e membro da Comissão Popular da Verdade, uma das diretrizes da Comissão é dar luz ao que os moradores das favelas e áreas de conflito do estado do Rio têm a dizer sobre a intervenção. (pulsar/brasil de fato)