A Conferência Nacional de Direitos Humanos de Honduras (Conadeh) denunciou no sábado (02) violações de direitos humanos por parte do governo hondurenho contra os protestos que reivindicam uma possível fraude nas eleições presidenciais do país.
Por meio de um comunicado divulgado em coletiva de imprensa, a mesa de direitos humanos afirmou que Honduras “vive grandes retrocessos democráticos e violações a direitos humanos”. O órgão ainda disse que já denunciou o governo hondurenho diante de organizações internacionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Alto Comissionado das Nações Unidas em Direitos Humanos.
Os representantes do órgão ainda ressaltaram que consideram como “terrorismo de Estado” o uso abusivo de forças policias contra manifestações contrárias aos resultados das eleições, que indicam o atual presidente Juan Orlando Hernandez como vencedor.
Também afirmaram que “as organizações que integram a mesa de direitos humanos condenam o ataque aos jornalistas por parte das forças de segurança e o cerco aos meios de comunicação”.
A Conadeh ainda disse que a candidatura de Juan Orlando Hernandez é ilegal e inconstitucional, que foi feita por meio de um decreto, passando por cima das leis da Constituição de Honduras.
As denúncias ocorreram após o governo hondurenho decretar estado de sítio na manhã de sábado (02). Além de suspender garantias institucionais sob o pretexto de “frear” as manifestações contrárias aos resultados das eleições, foi promulgado um toque de recolher em Honduras que entrou em vigor às 23 horas de sexta-feira (01).
Os protestos exigem uma recontagem pública dos votos sob a justificativa de que houve fraude eleitoral, favorecendo o atual presidente Juan Orlando Hernandez e impedindo a vitória do candidato de oposição, Salvador Nasralla, apoiado pelo ex-presidente Manuel Zelaya, vítima de um golpe civil-militar em 2009.
O ex-presidente Manuel Zelaya, então membro do Partido Liberal de Honduras, foi vítima de um golpe cívico-militar em 2009, penúltimo ano de seu mandato, sob a alegação de que estaria manobrando reformas na constituição. Os EUA, Brasil, membros da União Europeia e outros países condenaram o golpe, pedindo a restituição da legalidade no país.
Zelaya formou então, em 2017, uma coalização entre os dois partidos de oposição, apoiando Nasralla, em uma tentativa de ameaçar a reeleição de Juan Orlando, que só pôde concorrer ao pleito do último domingo graças a uma polêmica emenda constitucional que dribla a proibição de um segundo mandato no país. (pulsar/opera mundi)