Para lembrar dos 23 anos do massacre do Carandiru, em que 111 pessoas foram mortas por agentes do Estado, o I Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão reúne nesta sexta-feira (2), em São Paulo, pesquisadores do Brasil e de outros países, que estudam a questão do encarceramento. Durante o evento, realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), também ocorre o lançamento do livro “Carandiru (não) é coisa do passado”: um balanço sobre os processos, as instituições e as narrativas 23 anos após o Massacre”.
Para Guilherme Almeida, professor de Direito da USP e um dos organizadores do seminário, é de fundamental importância relembrar o ocorrido naquele dois de outubro de 1992 e ter a clareza de que as condições objetivas que levaram ao massacre, a violência policial e superpopulação carcerária, continuam presentes atualmente. Guilherme lembra também que, passados 23 anos, ainda não existe condenação definitiva de nenhum dos agentes envolvidos.
O Brasil é hoje o quarto país em taxa de aprisionamento no mundo e perde apenas para Estados Unidos, China e Rússia. Para Almeida, a questão do encarceramento é um problema global, assim como as soluções também podem ser compartilhadas.
Sobre os abusos cometidos pelas forças de segurança, que seguem se repetindo, dia após dia, em todo o país, Guilherme diz que é preciso impor limites. Ele acredita que os estados brasileiros precisam criar organismos e iniciativas que tentem medir e reduzir a questão da letalidade policial. O trabalho da polícia precisa respeitar a lei e Constituição. (pulsar/rba)