O Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgou um relatório no último dia 14 de junho em que alerta que entre 25 milhões e 30 milhões de pessoas que moram na América Latina podem voltar a viver na miséria ou na pobreza se não houver uma mudança nas políticas públicas de cada país da região. O documento intitulado “Progresso Multidimensional: o bem-estar para além da renda” foi lançado em evento que reuniu mais de 60 parlamentares da região no Parlatino (Parlamento Latino-Americano e Caribenho), no Panamá.
O texto afirma que a recessão econômica que atinge o continente não é a única responsável pela “recaída de milhões” à linha da pobreza, mas aponta para a ausência da implantação de “políticas públicas de nova geração” como a maior responsável pelo problema. A preocupação da entidade é, especialmente, com um terço das pessoas que saíram da condição de pobreza na América Latina desde 2003. O documento aponta que muitos são jovens e mulheres com inserção no mercado de trabalho precário.
De acordo com o Pnud, é “fundamental” que as políticas de cada país “fortaleçam os quatro fatores que impedem o retrocesso: proteção social, sistemas de cuidado, ativos físicos e financeiros (como um carro, casa própria, conta no banco) e qualificação laboral”.
A entidade ainda afirma que é preciso “transcender” os cálculos tradicionais para verificar o desenvolvimento de determinado país e não apenas focar na medida de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) ou o ritmo de crescimento econômico. O relatório afirma que o crescimento econômico, por si só, não basta. Nada que diminua os direitos das pessoas ou das comunidades ou que ameace a sustentabilidade ambiental pode ser considerado progresso.
Segundo o relatório, houve uma desaceleração nos últimos três anos do número de pessoas que conseguiram sair da situação de miséria e de pobreza. Entre 2003 e 2013, 72 milhões de pessoas saíram da pobreza e 94 milhões entraram para a faixa da classe média. No entanto, entre 2015 e 2016, “aumentou o número absoluto de pessoas pobres pela primeira vez na década”. (pulsar/caros amigos)