Moradores de Santa Cruz já travam há 13 anos uma luta contra os os impactos na região provocados pela antiga mineradora TKCSA, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), agora vendida para a Ternium Brasil. Aproveitando os debates gerados pelas eleições de outubro, a comunidade se organizou e escreveu uma carta pública contando toda a história de resistência, os processos que tramitam na justiça e os grandes prejuízos no trabalho e na renda dos moradores, na saúde e no meio ambiente.
A carta compromisso é dirigida especificamente aos atuais e futuros governantes, deputados e senadores e foi construída em conjunto com o Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS) que acompanha e dá suporte aos atingidos da região.
Entre as denúncias da carta estão as 238 ações contra a companhia e lista de violações, como intimidações das lideranças, pesquisadores e até de comunicadores. Além dos graves episódios de poluição, desrespeito à legislação trabalhista que continuam com a venda da siderúrgica. Além disso, os problemas de saúde e qualidade de vida dos moradores da cidade vem se deteriorando.
Outro impacto atinge diretamente os trabalhadores que tiram da região seu sustento, como no caso dos pescadores. Segundo o geógrafo e educador popular do PACS, Pedro D’ Andrea, as zonas de exclusão de pesca que são resultantes desses grandes projetos, limitam as áreas onde historicamente esses trabalhadores pegam o seu pescado.
As políticas de grandes projetos de desenvolvimento no estado, da qual a siderurgia faz parte têm causado a redução da agricultura no estado – indicando que o número de terras próprias para o plantio tem diminuído e cada vez menos o estado do Rio de Janeiro produz alimento para abastecer a região.
A carta pede a imediata suspensão da licença ambiental e da operação da empresa Ternium Brasil, a adequação dos aparelhos da saúde pública da região tendo em vista o tratamento e a prevenção de doenças relacionadas à siderurgia, revisão das zonas de exclusão de pesca, suspensão e a devolução imediata de todos os incentivos fiscais concedidos à empresar no estado do Rio de Janeiro – em especial no contexto do regime de recuperação fiscal ao qual é submetido o estado –, e a suspensão das outorgas de água da siderúrgica. (pulsar/brasil de fato)