Apesar dos 809 casos suspeitos de febre amarela, dos quais 127 confirmados, o momento não é de alarmismo segundo os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Vinculado ao Ministério da Saúde, o órgão realizou ontem seminário para debater o tema que preocupa grande parte da população.
Em entrevista ao boletim da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), o pesquisador Paulo Chagastelles Sabroza alertou que o quadro se agravaria com a infecção entre os macacos se alastrando e atingindo as matas de litoral dos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, onde estão grandes populações desses primatas e também vivem milhões de pessoas. Mesmo assim, conforme destacou, ainda não é o momento de se considerar um “cenário caótico” que culminaria com a retomada da transmissão urbana por meio do Aedes aegipty.
Sabroza pondera que o alerta foi feito porque em muitos anos não havia tantos casos da doença e de mortes na zona rural na região Sudeste. Com isso vem o temor de mais contágio em cidades com focos de infestação por Aedes com a circulação de pessoas infectadas por essas localidades.
Há mais de cinquenta anos não havia registro da circulação do vírus da febre amarela no litoral do Sudeste. Para o pesquisador, esse avanço expõe falhas na vigilância da morte de macacos, com a devida pesquisa sobre as causas, e no controle dos focos de Aedes aegypti nos centros urbanos.
Na última quinta-feira, o Ministério da Saúde divulgou novos dados de febre amarela. Os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Tocantins notificaram 809 casos suspeitos. Do total, 651 casos permanecem em investigação, 127 foram confirmados e 31 descartados. Dos 128 óbitos notificados, 47 foram confirmados, 78 ainda são investigados e 3 foram descartados. (pulsar/ rba)