Os riscos de retrocessos aos direitos da população LGBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transsexuais) no governo interino de Michel Temer (PMDB) levaram milhares de pessoas à Avenida Paulista no último domingo (29). O objetivo foi protestar contra a ofensiva conservadora em marcha desde o início do atual governo e que impacta os direitos conquistados pela população LGBT. Placas, cartazes e gritos de ordem contra Temer foram presença constante na Parada do Orgulho LGTB deste ano, que chegou à sua vigésima edição com uma multidão de participantes.
Um exemplo da ameaça do governo interino aos direitos conquistados é a extinção do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos logo nas primeiras semanas de Temer como presidente em exercício. A pauta LGBT estava entre as linhas de atuação do ministério, que foi reduzido a uma secretaria subordinada à pasta da Justiça. Outra preocupação é o menor poder de influência da Secretaria de Direitos Humanos, agora sem o status de ministério, sobre políticas públicas de outras pastas que afetam diretamente a população LGBT, como a saúde e a educação.
Para o deputado federal Jean Wyllys (PSOL), conhecido por sua atuação em prol dos direitos dos LGBTs, não se pode reduzir a Parada a apenas um momento festivo. Ele acredita que além da festa também existe uma agenda política, de luta pela democracia, pelos direitos LGBTs e principalmente pelas pessoas trans. Este ano o tema da parada foi “Lei de Identidade de Gênero Já! Todas as pessoas contra a transfobia”.
Segundo o último relatório de violência homofóbica, publicado este ano pelo Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, ao menos cinco casos são registrados todos os dias no Brasil. O estudo é referente aos dados de 2013 e embora ainda limitado, os números já apontam para um quadro preocupante de homofobia. No ano pesquisado foram registradas mil 965 denúncias de três mil 398 violações relacionadas à população LGBT. (pulsar/brasil de fato)