Há apenas uma cidade brasileira onde a participação das mulheres em candidaturas nestas eleições é equivalente à participação feminina no eleitorado. Baixio, no Ceará, onde metade dos candidatos são do sexo feminino e metade do sexo masculino. De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em todos os outros cinco mil 567 municípios que realizam eleições neste ano, o número de mulheres é inferior ao de homens nas disputas. Em quatro mil 172 cidades, as candidatas sequer chegam a um terço dos políticos na disputa.
Levando em conta todas as cidades do País, o percentual de candidaturas femininas em 2016 teve uma alta discreta em relação ao das últimas eleições: em 2012 as mulheres representavam 31,5 por cento dos políticos na disputa; em 2016, 31,7. Entre os estados, o mais desigual é Pernambuco, onde 31,1 por cento dos candidatos são mulheres. O menos desigual é o Amapá, onde a situação não é muito melhor: são 33,3 por cento as mulheres na disputa.
Para Karina Kufa, presidente do Instituto Paulista de Direito Eleitoral,wssa participação um pouco acima de 30 por cento só existe por conta das cotas. O sistema é um avanço, mas não é suficiente. De acordo com ela, se olharmos entre os eleitos, apenas 10 por cento são mulheres.
Os números indicam que os partidos estão fazendo o mínimo para cumprir lei 12.034 de 2009, segundo a qual todas as legendas são obrigadas a ter ao menos 30 por cento das candidaturas destinadas a um dos sexos.
Isso fica ainda mais claro se levarmos em conta apenas o cargo de prefeito. Como a lei aplica-se apenas às vagas para câmaras legislativas, as candidaturas à prefeitura têm uma representação feminina ainda menor: apenas 12,6 por cento dos candidatos disputando a chefia do executivo municipal são mulheres.
Com 9,6 por cento de vagas ocupadas por mulheres no parlamento, o Brasil está numa das últimas posições no ranking representação política feminina da ONU (Organização das Nações Unidas). De acordo com o último Relatório de Desenvolvimento Humano, de um total 192 países, 159 têm um indicador melhor que o brasileiro. Somos o país com menor representatividade da América do Sul no quesito. Na América Latina, apenas o Haiti apresenta índice pior. (pulsar/carta capital)