O samba-enrendo da Imperatriz Leopoldinense vem causando incômodo no setor do agronegócio brasileiro. Com o tema “Xingu, o clamor que vem da floresta”, a música é uma homenagem e um grito de guerra da luta pela preservação da floresta e da cultura indígena e fará parte das apresentações de carnaval de 2017 no Rio de Janeiro.
Um exemplo de retaliação aconteceu na última quinta-feira (12). O senador Ronaldo Caiado (DEM) afirmou que vai propor no Senado uma sessão temática para “para discutir, debater e descobrir os financiadores da Imperatriz Leopoldinense e os interesses em denegrir o agronegócio”. De acordo com ele, “Com tantos problemas no país, que sofre com traficantes, bicheiros e facções, causa perplexidade uma escola de samba atacar o agronegócio, orgulho do País, que é o único setor que gera tantos resultados positivos”.
Vale lembrar algumas questões sobre o senador. Grande líder da Bancada Ruralista, sua família está na “lista suja” entre os 91 incluídos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) da relação de empregadores flagrados com trabalho escravo. Há décadas em posição de destaque na política, Caiado ainda é ex-presidente da União Democrática Ruralista.
Além dele, outros setores ligados ao latifundiário expressaram repúdio ao samba enredo. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que cria os gados mais vendidos do país, fez uma nota de repúdio – “ao criticar o agronegócio, o grupo mostra total despreparo e ignorância quanto a história brasileira e a realidade econômica social do país”.
Na imprensa, destacou-se Fabélia Oliveira, apresentadora do programa Sucesso no Campo, da Record Goiás. Em reação à música, escancarou ignorância, preconceito e ódio em rede nacional ao afirmar que índios deveriam morrer de malária. (pulsar/justificando)