Moradores e ativistas se reuniram na Vila Autódromo, no último dia 23 de abril, para dar início ao processo de criação de um museu focado na comunidade e em sua história de resistência e remoções, o Museu das Remoções. Um grupo de cerca de 50 pessoas, incluindo ativistas, moradores e antigos moradores da Vila Autódromo, participou do evento para honrar a história da comunidade e ajudar o museu a tomar forma.
A ideia do museu, de acordo com a pesquisadora e ativista Poliana Monteiro, é contemplar o que era a Vila Autódromo antes das remoções e valorizar a vida comunitária.
O dia começou com as pessoas reunidas em torno de um mapa da Vila Autódromo como ela era antes das remoções começarem. Os moradores falaram de cada lugar que eles lembravam e descreveram a comunidade e as pessoas que lá viveram.
Os participantes destacaram no mapa lugares de interesse e os classificaram em três grupos. O primeiro foi “sustentabilidade”– espaços sociais onde os moradores se reuniam para se divertir, como um parque ou uma padaria. O segundo grupo foi “comunidade”– marcando os espaços usados pelos moradores na luta contra as remoções. O grupo final foi “saudades”– que marcou as casas dos moradores que já saíram da comunidade, mas ainda estão envolvidos na luta para permanecer.
Os moradores então levaram o grupo pelas construções remanescentes da Vila Autódromo e pelos locais onde houve demolições, contaram histórias e descreveram como a comunidade era antes das demolições e durante sua longa luta para permanecer. Eles marcaram os terrenos das casas e procuraram pelos restos delas para usar como pontos focais para a criação de exposições do museu.
Museus comunitários são significativos para preservar a história e elevar a autoestima de uma comunidade e de seus moradores, por meio do reconhecimento e celebração de sua história e cultura, porém muitos são subfinanciados e ameaçados de remoção. Esse novo museu comunitário na Vila Autódromo será uma adição importante, e será significativo para as vidas dos moradores das favelas que foram impactadas por remoções por toda a cidade.
Os moradores e apoiadores da Vila Autódromo esperam lançar o Museu das Remoções no próximo dia 18 de maio, dia Internacional do Museu. (pulsar/rio on watch)