Um artigo publicado em abril por dois pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) aponta maior incidência de câncer do estômago, esôfago e pâncreas em 14 municípios que eles definem como “território da soja”, como Rondonópolis, Sinop e Sorriso. O total de casos é 27 vezes maior que em 14 municípios não produtores do grão.
Os autores do artigo são o historiador Moisés Silva Pereira, mestrando em Geografia na UFMT, e o biólogo Fabio Angeoletto, professor de Geografia no campus de Rondonópolis da UFMT.
Os dados relativos à internação pelos três tipos de câncer foram coletados no Datasus (Departamento de Informática do SUS). Segundo os pesquisadores, os resultados apontam para uma “correlação entre a expansão da urbanização, o aumento da área plantada e uma tendência a uma maior exposição de determinados estratos da população a condições de risco, que podem ocasionar o aumento de alguns tipos de cânceres, em especial câncer do estômago, esôfago e pâncreas”.
Os 14 municípios do “território da soja” são os maiores produtores de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar – culturas expostas ao uso intensivo de agrotóxicos. Os 14 outros municípios têm como atividades econômicas principais o turismo, a pecuária e o extrativismo.
Metade dos casos, 786, foi registrada em Rondonópolis, terceiro município mais populoso do estado. O total de casos nos municípios com produção agrícola foi mil 442. Já nos outros municípios o número chegou a 58.
Os pesquisadores defendem uma “possível ligação entre o principal modelo que fundamenta o crescimento econômico do estado do Mato Grosso, seu processo de urbanização e o aumento significativo de algumas patologias cancerígenas”. (pulsar/cpt)