Uma pesquisa desenvolvida pela bióloga Heloísa de Moura Meneses, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), revelou que a população do município de Santarém está exposta ao mercúrio. O estudo faz parte da tese de doutorado defendida em 2016 e os resultados ainda são iniciais. No entanto, eles apontaram que cerca de 65 por cento das pessoas que participaram da amostra apresentaram níveis do metal acima do recomendando pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a pesquisadora, embora outros fatores – como o fator genético – tenham sido analisados, o estudo apontou que o consumo de peixe pode estar relacionado com o aumento dos níveis de mercúrio no sangue da população.
Foram examinadas amostras de sangue de 144 pessoas de ambos os sexos, com idades entre 18 e 81 anos, bem como de moradores na zona urbana da cidade e ribeirinhos da comunidade de Tapará Grande, área de várzea do município. Eles também responderam a um questionário informando seus hábitos alimentares.
De acordo com a pesquisadora, o garimpo tem uma contribuição muito grande pela contaminação dos rios na região, mas é necessário considerar também outros fatores. Como, por exemplo, o desmatamento e as queimadas.
A Organização Mundial da Saúde recomenda um nível de 10 microgramas de mercúrio por litro de sangue, então limites acima já são considerados níveis de exposição. Na maior parte da população da amostra estudada foram encontrados níveis entre 30 e 50 microgramas de mercúrio por litro de sangue, e até mesmo níveis acima de 100.
A bióloga conta que a principal forma tóxica para o ser humano é o metilmercúrio, ele é neurotóxico. O principal tecido alvo dele é o sistema nervoso central, então ele causa problemas neurológicos, problemas motores. Ele também causa problemas para os rins, coração, em mulheres grávidas que estejam expostas. Elas podem transmitir esse mercúrio para os fetos através da placenta e esses fetos podem nascer com algum problema neurológico, algum tipo de má formação congênita.
Esses são resultados iniciais da tese e nesse momento o principal objetivo da divulgação é alertar a população da região. É um alerta para que se comece a pensar no assunto, para que os governos comecem a pensar e tomar medidas de prevenção dos efeitos desse mercúrio, tanto para a saúde humana quanto para a própria região. (pulsar/brasil de fato)