Em maio deste ano, o governo federal declarou o fim do estado de emergência para o vírus Zika. Entretanto, as marcas da epidemia continuam. Um relatório da organização internacional Human Rights Watch aponta que lacunas na resposta das autoridades brasileiras trouxeram impactos prejudiciais às mulheres. Mães afirmam que o Estado se esqueceu das crianças afetadas pelo vírus à medida que a taxa de novos casos e a atenção da mídia e do público para o surto diminuíram.
Segundo Amanda Klasing, pesquisadora sênior de Direitos da Mulher da Human Rights Watch e coautora do relatório, os direitos básicos continuarão ameaçados caso o governo federal não reduza a infestação de mosquitos e não apoie as famílias com crianças afetadas pelo Zika.
De acordo com a entidade, cerca de duas mil e 600 crianças brasileiras nascidas com microcefalia e outras condições do vírus Zika precisarão de cuidados a longo prazo. A ONG alerta que os principais cuidadores desses bebês não recebem do governo e da sociedade o apoio integral de que precisam, sendo financeiro e logístico para ter acesso aos cuidados.
As mães de crianças com a síndrome de Zika disseram, em entrevista à organização, que foi difícil conseguir informações e apoio, tanto no momento do nascimento quanto agora, à medida que seus filhos crescem e se desenvolvem.
Uma das advertências feitas pela Human Rights Watch é a defasagem na infraestrutura de água e saneamento para controlar a reprodução dos mosquitos e melhorar a saúde pública. A ONG também faz recomendações, entre elas, a descriminalização do aborto, para que se possa trabalhar na redução de danos sobre as mulheres que escolherem interromper a gestação.
Em 2017, o número de casos de Zika, assim como o número de bebês nascidos com deficiências relacionadas ao vírus, diminuiu drasticamente se comparado com o mesmo período em 2016, mas as autoridades não conseguem identificar a causa dessa redução. (pulsar/rba)