Relatório produzido pelo Greenpeace indica que, até o ano de 2100, a população brasileira deve sofrer com problemas de habitação e locomoção em caso de desastres naturais, queda na geração de renda, comprometimento da produção e aumento do preço dos alimentos que vão impactar principalmente sobre os mais vulneráveis. O documento foi elaborado com base na revisão de 46 estudos sobre mudanças climáticas no Brasil e aponta para a necessidade de zerar o desmatamento, garantir uma matriz energética com 100 por cento de fontes renováveis e ampliar investimentos e pesquisas em áreas como saúde, emprego e infraestrutura.
Dentre os impactos mais severos das mudanças climáticas, o relatório aponta que o aumento médio da temperatura global entre 1,4 e 3,7 graus poderia levar à redução de até 39,3 por cento da área de baixo risco para agricultura, que são locais com pouca variação na produção anual, até o ano de 2040. O impacto na produção de alimentos poderia levar a uma redução de 13,9 por cento nas safras. Por outro lado, com o clima mais quente, o estudo indica aumento de até 182 por cento na produção de cana de açúcar no sul do país.
A previsão de um aumento de até quatro graus nas temperaturas até 2099 deve amplificar os níveis de estresse por calor na população, tendo por consequências perturbações como náuseas, dor de cabeça, vertigens, fraqueza e tontura, até casos mais graves, como insolação e ataques cardíacos. Estima-se que a taxa de mortalidade para idosos aumente 7,5 vezes, principalmente por doenças do aparelho circulatório. Além disso, há um indicativo de que vários municípios do Norte, Nordeste, Sul e Sudeste terão um aumento significativo na disseminação do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e zika, entre 2071 e 2099.
Desastres naturais como ressacas violentas na costa, secas e enchentes prolongadas, aumento na devastação de florestas e desertificação e retomada do fluxo migratório entre as regiões do país também estão indicados no relatório do Greenpeace. A partir de 2038, a expectativa é de migração saída do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, além da maior parte do Nordeste, com destino às regiões Norte e Sul, e aos estados de São Paulo e Minas Gerais. (pulsar/rba)