Quatro semanas após o início de uma explosão social no Chile, o governo do presidente de direita Sebastián Piñera anunciou que iniciará o processo para mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet, origem das desigualdades, de acordo com especialistas e manifestantes.
Depois de 24 dias de protestos, alguns deles com finais violentos, saques e incêndios cometidos por jovens radicais, as pesquisas mostram que o apoio popular ao movimento conhecido nas redes sociais como “Chile Despertou” supera 75 por cento. E um índice similar deseja uma nova Constituição.
Em uma mudança de postura, o governo de Piñera anunciou a vontade de iniciar o processo para uma nova Constituição por meio de um “Congresso Constituinte”, com ampla participação cidadã e um plebiscito que o ratifique, uma manobra que atende a uma das principais demandas surgidas nos protestos sociais.
O ministro do Interior, Gonzalo Blumel, confirmou este anúncio após uma reunião na casa do presidente Piñera com os líderes do “Chile Vamos”, coalizão política que reúne quatro partidos de centro-direita e direita, que até agora eram os mais reticentes a uma mudança profunda da Carta Magna, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-90).
A Constituição atual, vigente desde 1980, teve mais de 200 modificações em mais de 40 artigos, declarou Piñera em entrevista no sábado (9) ao jornal El Mercurio. No entanto, não estabelece como responsabilidade do Estado oferecer como direitos saúde e educação, dois dos pilares reivindicados por milhões de chilenos que estão nas ruas protestando desde 18 de outubro.
Alguns líderes da oposição reagiram com otimismo. “O governo começa a ter uma noção de realidade”, detalhou o presidente da Comissão de Constituição do Senado, Felipe Harboe, do Partido pela Democracia (PPD, centro-esquerda). (pulsar/carta capital)