A cada ano, quase três milhões de jovens abandonam a escola no Brasil. É o que apontou o estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e Evasão Escolar de Jovens, elaborado pelo Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia (Insper) e divulgado na última terça-feira (17).
Ao final deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a um universo de dois milhões e 800 mil pessoas (27 por cento), entre os dez milhões de jovens estimados no país nessa faixa etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a escola.
Desse total de dez milhões de jovens, cerca de um milhão e meio, sequer vão se matricular para o início do ano letivo. Do restante, entre aqueles que se matriculam, cerca de 700 mil jovens vão abandonar a escola antes do final do ano. Além disso, cerca de 600 mil alunos serão reprovados por faltas.
Segundo o estudo, mais da metade desses jovens (59 por cento do total ou cerca de seis milhões) vai concluir o Ensino Médio com no máximo um ano de atraso.
O estudo mostra ainda que houve uma estagnação na matrícula dos jovens entre 15 e 16 anos e que a porcentagem de jovens de 17 anos fora da escola cresceu seis pontos percentuais nos últimos 15 anos, passando de 34 para 39,8 por cento. Isso, segundo o estudo, contradiz uma tendência mundial: dados da Unesco apontam que 74 por cento dos países avançam mais rapidamente na inclusão de jovens de 15 a 17 anos que o Brasil.
Os dados revelam que mais da metade das nações tem menor porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Mantendo este ritmo, o país levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação: universalizar o atendimento escolar para essa faixa etária – que, pelo plano, deveria ter sido concluída no ano passado.
As principais razões para o chamado “desengajamento dos jovens”, segundo o estudo, estão associadas à pobreza e à dificuldade de acesso, tais como a falta de escolas na comunidade onde o jovem vive ou a falta de recursos para o transporte até a escola. Há também questões relacionadas à inadequação do currículo adotado, do clima escolar e da baixa qualidade dos serviços oferecidos pela escola.
Para reverter o quadro, o estudo propõe a criação de políticas públicas para diminuir o desengajamento como a garantia de acesso principalmente para aqueles que vivem em áreas rurais ou que têm alguma deficiência ou para jovens que cumprem medida privados de liberdade. (pulsar/ihu)