Em reunião realizada nesta terça-feira (2) pelo chamado Comitê Permanente, organizado após a prisão de quatro líderes de movimentos por moradia de São Paulo na semana passada, entidades pelos direitos humanos, movimentos sociais e lideranças políticas articularam uma série de propostas e um calendário de mobilização pela libertação de Sidney Ferreira da Silva, Jacine Ferreira da Silva (a Preta Ferreira), Edinalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima.
Desde o dia 24, os quatro tiveram prisão temporária decretada sob acusação de extorsão, por meio de cobrança indevida de aluguel, dentro do processo que teve origem no inquérito que apurou as causas do incêndio e desmoronamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro paulistano, em 2018. Apenas dois dias após a prisão, a defesa pôde ter acesso aos autos para solicitar a liberdade dos militantes. Na última sexta-feira (28), no entanto, os líderes tiveram prisão preventiva decretada.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, o advogado do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos Benedito Barbosa, o Dito, um dos coordenadores da União dos Movimentos de Moradia (UMM), reforçou o caráter arbitrário da ação que, segundo informações repassadas pelo delegado, teria levado em conta dez testemunhos. “Nas ocupações de São Paulo existem mais de seis mil pessoas. No centro, há cerca de 70 ocupações. Agora dez pessoas vão lá, fazem uma declaração, e a polícia sai prendendo assim um monte de gente? É um absurdo”, critica.
Ao menos 16 propostas foram criadas pelo Comitê Permanente em defesa das lideranças, entre as quais a organização de um processo de visitas aos militantes, uma campanha de informação e o reforço ao diálogo entre os movimentos e as instâncias do Poder Judiciário. De acordo com Dito, no próximo dia 11, na seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), será realizado ato de desagravo, com apoio da Comissão de Direitos Humanos da entidade. Além disso, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) articula uma reunião no dia 16 para promoção de uma agenda em defesa dos direitos humanos e dos movimentos sociais. O comitê deve voltar a se reunir na próxima quarta-feira (10). (pulsar/rba)