Três famílias da centenária Aldeia Imbuhy foram despejadas na última terça-feira (23) pelo Exército, no município de Niterói, no Rio de Janeiro. Segundo relatos de moradores, as casas, que ficam no entorno do Forte do Imbuhy, pertencente às Forças Armadas, foram destruídas na sequência, apesar de serem patrimônio da cidade. Os militares se ampararam em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu pela reintegração de posse. A imprensa e parlamentares não foram autorizados a acompanhar o despejo.
Realizada dentro do forte, a ação contou com apoio de caminhões, lanchas, cachorros e policiais do Exército, que fecharam o acesso à comunidade. Um caminhão de mudança e uma retroescavadeira também foram mobilizados. O moradores afirmam que a comunidade, de cerca de 30 famílias, está há mais de 100 anos no local, e não tem para onde ir.
Parlamentares das três esferas legislativas prestaram apoio, do lado de fora. Também barrados, eles cobraram do Exército esclarecimentos sobre a opção pelo despejo, em vez de um acordo, como vinha sendo desenhado, com possibilidade de a comunidade ser remanejada ou indenizada.
O vereador Leonardo Giordano (PT), autor da lei de tombamento da comunidade, lamentou que tenha sido destruído um patrimônio da cidade e cobrou do Ministério da Defesa a suspensão dos despejos. O deputado estadual Flavio Serafini (PSOL) criticou o uso desproporcional da força para retirar as três famílias e disse suspeitar que o Exército queira instalar um hotel para oficiais onde fica a comunidade.
De acordo com o Exército, a reintegração de posse foi acompanhada por quatro oficiais de Justiça e pela Procuradoria da Advocacia-Geral da União (AGU). Para a AGU, a legalidade e os prazos estabelecidos pela Justiça foram cumpridos. (pulsar/combate racismo ambiental)