Em sua primeira entrevista após a chegada ao asilo político no México, Evo Morales, presidente boliviano vítima de golpe de Estado, denunciou a responsabilidade dos Estados Unidos, da Inglaterra, e da Organização dos Estados Americanos (OEA) na escalada de violência que o levou a renunciar.
Os três atores internacionais citados pelo boliviano foram os primeiros a reconhecer a autoproclamação da senadora Jeanine Áñez como presidenta do país.
“Não aceitam um índio presidente, nossas políticas sociais e econômicas de nacionalização dos recursos. Não aceitam que nós indígenas sejamos anti-imperialistas e anticolonialistas”, declarou.
Morales denunciou novamente a conduta violenta da oposição, direcionada contra a população mais pobre e de traços indígenas. Ele citou invasões a residências de parlamentares, incêndios em órgãos públicos e entidades ligadas a seu partido e ameaças de queimar pessoas ligadas a ele.
“Usaram a bíblia e Jesus Cristo para conspirar contra o povo, fazem orações e saem me xingando com palavrões. Usam orações para fazer o povo odiar, a bíblia para discriminar e odiar indígenas”, asseverou.
“Esta classe de governo está sendo reconhecida pelos Estados Unidos, pela Inglaterra e a OEA”, lamentou Evo.
O presidente da Bolívia desde 2006 também voltou a fazer um apelo pelo fim da violência no país. Segundo ele, antes de sua renúncia, apesar da conduta violenta da oposição, suas ordens à polícia e às forças armadas eram de não reprimir com violência os atos.
Morales reafirmou que sua renúncia foi um movimento para salvar a própria vida, mas também para que não houvessem outros mortos no país. “Não atirem nas pessoas”, suplicou às forças armadas.
Evo Morales disse querer voltar em breve ao país e chamou a oposição a um diálogo nacional. (pulsar/brasil de fato)